Emerson Ferretti quando atuava como goleiro do Bahia (Reprodução)

Por: Patrick Simão / Além da Arena

No dia 2 de novembro de 2023, Emerson Ferretti foi eleito o Presidente do Esporte Clube Bahia, se tornando o 1º Presidente de clube entre as Séries A e D do Brasileirão a ser declaradamente LGBTQIA+. Ferretti e o vice-presidente Paulo Tavares serão os principais responsáveis por fiscalizar o Grupo City, SAF que adquiriu o clube em 2022.

Ferretti fez história como goleiro do Bahia, entre 2000 e 2005, tendo conquistado duas Copas do Nordeste (2001 e 2002) e um Campeonato Baiano (2001). Ele também já foi goleiro de Grêmio, Flamengo, América (RJ), América de Natal, Ituano, Bragantino, Juventude e Vitória.

Em 2022, em uma entrevista ao Globo Esporte, no podcast “Nos Armários dos Vestiários”, ele declarou publicamente que é um homem gay. Ele falou sobre o desespero, medo e solidão de ser LGBT no futebol masculino e também sobre sua aceitação.

“É possível ser gay, ídolo e ganhar títulos. Dá para ser um jogador talentoso. Dá para ter sucesso no futebol. Eu cumpri minhas obrigações dignamente. Fui profissional e entreguei desempenho, isso acaba me motivando para deixar um legado fora de campo também. Falar sobre o assunto, jogar luz sobre o assunto vai fazer, com certeza, primeiro, quebrar um pouco esse silêncio que existe, porque sempre existiu gay no futebol. Só que ninguém fala, todo mundo ignora isso, faz de conta que não tem.”

Foto: Canarinhos LGBTQ

A eleição de Ferretti é um marco no futebol brasileiro, e isso precisa sim ser destacado. Não é a toa que, até o momento, nenhum dos presidentes dos clubes brasileiros fossem declaradamente LGBTs, ou então que pouquíssimos atletas do futebol masculino, em um universo com milhares de jogadores em todo o mundo, tenham publicamente outra orientação sexual que não seja hétero.

Recentemente, o ex-jogador Richarlyson declarou ser bissexual. No entanto, a via de regra ainda é um padrão de performance da heteronormatividade, historicamente enraizada no futebol masculino. Também não é a toa que há muito mais futebolistas mulheres sejam declaradamente LGBTs, porque ainda tentam associar o futebol à masculinidade.

O fato de Ferretti estar na presidência de um grande clube brasileiro é um marco muito importante na luta contra a LGBTfobia no futebol e na sociedade brasileiras. Este caminho é muito longo, como observamos com os muitos casos de cânticos homofóbicos nos estádios, ou em comentários homofóbicos de torcedores. O Bahia, clube que vem demonstrando uma abertura a importantes pautas sociais, e Ferretti, já estão na história do futebol brasileiro.