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A Amazônia pode conter riscos de mudança climática no mundo, controlando a emissão de gás carbônico. Mas não é bem isso o que vem acontecendo. O desmatamento na Amazônia nos últimos meses está na contramão do que dita o relatório da ONU sobre o risco das mudanças climáticas no planeta. Se a tendência continuar, o impacto já será irreversível.

Apresentado esta semana, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apresentou dados, em Genebra, sobre fluxos de carbono em ecossistemas terrestres. Um dos principais pontos é a necessidade urgente de reduzir o desmatamento de florestas tropicais e fazer o reflorestamento em larga escala para remover CO2 da atmosfera.

A Amazônia tem a capacidade de reduzir o calor nas terras tropicais em mais de um grau Celsius, além de aumentar os níveis de chuva. Dessa forma, o Brasil tem se apresentado como país de responsabilidades globais no que se refere a mudanças climáticas em todo planeta. Contudo, as altas taxas de desmatamento do último ano têm contido esse resfriamento.

“Se o desmatamento total exceder 20% a 25% da área florestal total da bacia – atualmente é de 16% a 17% – pode haver uma transformação irreversível de mais de 60% da floresta amazônica para um tipo muito degradado de savana, liberando mais de 50 bilhões de toneladas de carbono na atmosfera”, disse o climatologista Carlos Nobre ao Jornal da USP. Seu estudo foi mencionado no relatório da ONU.

O que vemos, contudo, na política ambiental do governo brasileiro é um descrédito em relação aos indicadores. O cientista alemão Hans-Otto Portner, que preside um dos grupos de trabalho do IPCC, durante coletiva em Genebra responde de forma direta questionamento sobre os novos rumos da política ambiental brasileira: “é uma contradição a este relatório” (ver vídeo em nossa página do Instagram, abaixo).

Conforme os dados divulgados pelo IPCC em Genebra, ainda há dois fatores que poderão trazer soluções para mudanças significativas em relação às mudanças climáticas: o investimento em formas sustentáveis de produção de alimentos e o equilíbrio entre o uso da terra para produção de biocombustíveis e de alimentos.