“All The Beauty And The Bloodshed”, documentário da diretora norte-americana Laura Poitras conquista o prêmio máximo do festival, que também foi marcado por protesto em prol da cultura e democracia brasileira

“All The Beauty And The Bloodshed”, da diretora Laura Poutrais, o grande vencedor do Festival de Veneza. Foto: Jacopo Salvi

Encerrando sua 79ª edição, o Festival de Cinema de Veneza revelou seus vencedores no sábado, 10 de setembro. Quem levou o prêmio máximo do festival, o Leão de Ouro, foi o documentário norte-americano “All The Beauty And The Bloodshed”, da diretora Laura Poitras.

Com isso, o prêmio vai para uma mulher pelo terceiro ano consecutivo – em 2021, a ganhadora foi Audrey Diwan, com o filme “O Acontecimento”; e em 2020, Chloé Zhao venceu com “Nomadland”.

“All The Beauty And The Bloodshed” mostra a história da fotógrafa e ativista Nan Goldin, que lutou para responsabilizar a poderosa família farmacêutica Sackler, pela crise de opioides.

O longa também faz história sendo o segundo documentário a levar o Leão de Ouro para casa. Em seu discurso de agradecimento, Poitras defendeu o gênero e agradeceu: “Obrigada por reconhecer que documentário é cinema”.

O prêmio de Melhor Atriz foi para Cate Blanchett, por sua elogiada atuação em “Tár”, filme do diretor Todd Field. Esta foi a segunda vez que a atriz leva o prêmio para casa. Em 2007, Cate venceu por seu trabalho em “I’m Not There”, de Todd Haynes. Ao lado de Blanchett, as atrizes Shirley MacLaine, Isabelle Huppert e Valeria Golino são as únicas a terem conquistado o prêmio duas vezes.

Cate Blanchett (à esquerda), vencedora do prêmio de Melhor Atriz; Alice Diop (à direita), diretora de “Saint Omer”, filme vencedor do Leão de Prata. Fotos: Jacopo Volti

“Saint Omer”, da diretora Alice Diop, vence o Grande Prêmio do Júri no 79º Festival de Cinema de Veneza, levando o Leão de Prata para casa. O filme também conquistou o Leão do Futuro – Melhor Estreia.

Baseado em uma história real que chegou às manchetes francesas em 2013, o longa acompanha Rama, uma romancista que assiste ao julgamento de Laurence Coly, que é acusada de matar a própria filha de 15 meses. Rama tem o objetivo de usar a história para escrever uma adaptação moderna do antigo mito de Medeia, mas as coisas não saem como esperado.

Outro destaque da premiação foi o brasileiro Pedro Harres, que levou o Grande Prêmio do Jurí na seção paralela Venice Immersive, dedicada à Realidade Virtual, pelo curta alemão “From The Main Square”. Ao receber o prêmio, Pedro falou da crise atual do cinema nacional e da ausência da bandeira brasileira e de filmes brasileiros nesta edição do festival.

Pedro Harres, brasileiro vencedor do Grande Prêmio do Júri na seção Venice Immersive. O diretor alertou o mundo sobre a atual situação do cinema brasileiro. Fotos: Jacopo Salvi (à esquerda); Reprodução / Twitter (à direita)

Confira a lista de vencedores do 79º Festival de Cinema de Veneza:

Competição oficial

MELHOR FILME | LEÃO DE OURO: All the Beauty and the Bloodshed, de Laura Poitras (EUA)
GRANDE PRÊMIO DO JÚRI | LEÃO DE PRATA: Saint Omer, de Alice Diop (França)
MELHOR DIREÇÃO | LEÃO DE PRATA: Luca Guadagnino, por Bones and All
PRÊMIO COPPA VOLPI | MELHOR ATRIZ: Cate Blanchett, por Tár
PRÊMIO COPPA VOLPI | MELHOR ATOR: Colin Farrell, por The Banshees of Inisherin
MELHOR ROTEIRO: The Banshees of Inisherin, escrito por Martin McDonagh
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI: Khers nist (No bears), de Jafar Panahi (Irã)
PRÊMIO MARCELLO MASTROIANNI | ATOR/ATRIZ EM ASCENSÃO: Taylor Russell, por Bones and All

Mostra Orizzonti

MELHOR FILME: Jang-e jahani sevom (World War III), de Houman Seyedi (Irã)
MELHOR DIREÇÃO: Tizza Covi e Rainer Frimmel, por Vera
PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI: Chleb i sól (Bread and Salt), de Damian Kocur (Polônia)
MELHOR ATRIZ: Vera Gemma, por Vera
MELHOR ATOR: Mohsen Tanabandeh, por Jang-e jahani sevom (World War III)
MELHOR ROTEIRO: Blanquita, escrito por Fernando Guzzoni
MELHOR CURTA-METRAGEM: Snow in September, de Lkhagvadulam Purev-Ochir (França/Mongólia)

Venice Immersive – Realidade Virtual

Melhor Experiência: The Man Who Couldn’t Leave, de Singing Chen (Taiwan)
Grande Prêmio do Júri: From the Main Square, de Pedro Harres (Alemanha)
Prêmio Especial do Júri: Eggscape, de Federico Heller, German Heller e Jorge Tereso (Argentina)

Outros prêmios

LEÃO DO FUTURO | MELHOR FILME DE ESTREIA: Saint Omer, de Alice Diop (França)
MELHOR FILME | MOSTRA ORIZZONTI EXTRA | PRÊMIO DO PÚBLICO: Nezouh, de Soudade Kaadan (Reino Unido/Síria/França)
MELHOR FILME RESTAURADO | VENICE CLASSICS: A Marca do Assassino (Koroshi no rakuin), de Seijun Suzuki (1967)
MELHOR FILME | VENICE CLASSICS DOCUMENTÁRIO: Fragments of Paradise, de KD Davison (EUA)

Premiações paralelas

PRÊMIO FIPRESCI | COMPETIÇÃO: Argentina, 1985, de Santiago Mitre (Argentina/EUA)
PRÊMIO FIPRESCI | ORIZZONTI E MOSTRAS PARALELAS: Autobiography, de Makbul Mubarak (Indonésia/França/Alemanha/Polônia/Singapura/Filipinas/Qatar)
QUEER LION AWARD: Aus meiner Haut (Skin Deep), de Alex Schaad (Alemanha)
GRANDE PRÊMIO | Venice International Film Critics Week: Eismayer, de David Wagner (Áustria)
MELHOR CURTA-METRAGEM | SIC | Venice International Film Critics Week: Puiet, de Lorenzo Fabbro e Bronte Stahl (Itália/EUA/Romênia)
MELHOR DIREÇÃO | SIC | Venice International Film Critics Week: Maria Guidone, por Albertine Where Are You?