No caso de desastres naturais, escolas são afetadas, levando ao aumento da evasão e comprometimento do futuro

 

Relatório cita estudo que aponta: mais de 700 escolas estão em áreas de risco hidrológico (ONU News/ Mariana Ceratti)

 

Cauê Porcé, da cobertura colaborativa NINJA na COP27

O Unicef alerta que no Brasil, cerca de 40 milhões de crianças e adolescentes estão expostos aos riscos climáticos e destes, como alerta estudo do Unicef divulgado na 27ª Conferência Mundial do Clima, a COP27. O estudo titulado “Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil” indica que eles sofrem com a poluição do ar, diretamente associada às mudanças climáticas e que, no Brasil, a situação fica ainda mais grave por conta das queimadas e pela queima de combustíveis fósseis em áreas urbanas, impactando na expectativa de vida da população.

Elas também têm acesso dificultado à escola, no caso de cidades afetadas por desastres naturais, comprometendo o futuro.

Para a representante interina do Unicef no Brasil, Paola Babos, as mudanças climáticas e a degradação ambiental enfraquecem os direitos de crianças e adolescentes. Os efeitos da crise afetam desproporcionalmente crianças e adolescentes que já vivem em situação de maior vulnerabilidade e são privados de outros direitos, principalmente negros, indígenas, quilombolas, e pertencentes a outros povos e comunidades tradicionais. Migrantes e refugiados, crianças e adolescentes com deficiência e meninas também são os mais afetados.

“As crianças e adolescentes são os que menos contribuem para as mudanças climáticas, mas são os que vão sofrer as consequências de forma mais intensa e por mais tempo. Nesse sentido, a mudança climática é uma ameaça direta à capacidade da criança de sobreviver e prosperar”, disse Paola na apresentação do relatório.

O estudo

Dados da pesquisa mostram que mais de 8,6 milhões de crianças estão expostas ao risco de falta de água no país e mais de 7,3 milhões, aos riscos decorrentes de enchentes de rios.

Entre as recomendações do relatório para sanar esses pontos, consta que é preciso defender e fortalecer as instituições e a legislação responsáveis pela garantia de preservação e pelo enfrentamento da degradação do meio ambiente, garantindo o alcance das metas de redução de emissões.

Direitos básicos

Geralmente, localidades onde acontecem desastres naturais frequentemente têm escolas afetadas, agravando as dificuldades de acesso e permanência escolar de crianças e adolescentes, levando ao aumento da evasão e à dificuldade de manter em funcionamento os serviços e equipamentos escolares.

O relatório cita um estudo sobre as áreas de risco de desastres no Brasil que revela que mais de 700 escolas estão em áreas de risco hidrológico, das quais 525 são escolas públicas. Outras 1,7 mil escolas estão localizadas em áreas de risco geológico. Considerando apenas os 957 municípios monitorados pelo estudo, os dados indicam que mais de três milhões de pessoas frequentam equipamentos escolares em áreas de risco.

(Com ONU News)