Comunidade Yanomami. Foto: Marcos Wesley / CCPI

Um jovem de 15 anos é a 3ª vítima de coronavírus entre os povos indígenas. Alvanei Xirixana é da aldeia Rehebe, às margens do rio Uraricoera, região de entrada para alguns milhares de garimpeiros ilegais que exploram ouro dentro da Terra Indígena Yanomami (AM/RR). Ele estava na aldeia quando seu estado de saúde piorou e foi transferido para Boa Vista. Foram 21 dias entre hospitais e posto de saúde depois de já ter manifestado os sintomas do novo coronavírus e sem fazer o teste para comprovação do diagnóstico.

Alvanei estudava o ensino fundamental em uma escola da Comunidade Boqueirão, na Terra Indígena Boqueirão, dos povos Macuxi e Wapichana, no município de Alta Alegre, no norte de Roraima.

Os pais do estudante, cinco profissionais da saúde indígena, um piloto de avião e a Comunidade Helepi, com cerca de 70 pessoas, estão no isolamento e monitoramento pela Sesai por terem mantido contato com o Alvanei. Até o momento não há informações sobre como o menino foi infectado pelo novo coronavírus.

A apreensão e o medo de uma nova onda epidêmica que possa atingir o povo Yanomami é grande. Entre 1960 1980 a “invasão garimpeira” nas terras indígenas da região resultaram na morte de cerca de 15% da população, principalmente por causa do sarampo, uma doença viral. A associação indígena Hutukara vem denunciando a exploração ilegal de ouro na região e estima que hoje haja cerca de 25 mil garimpeiros ilegais em suas terras.

Os casos de coronavírus tem se alastrado pelo Brasil e o jovem é a 3ª vítima fatal. A Sesai registrou outros quatro casos de contaminação por Covid-19, todos da etnia kokama, em Santo Antônio do Içá (AM). Segundo o Ministério da Saúde a região do Rio Negro e Solimões, onde há grande densidade de povos indígenas inclusive isolados, é a 7ª em incidência por 100 mil habitantes, ficando na frente por exemplo da região metropolitana do Rio de Janeiro.