Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

A arrecadação do Brasil em 2019 com impostos foi no valor de 1.537 trilhões de reais. É um valor alto, então, em teoria, pagar quase 11 bilhões de reais – até o momento –  para ajudar a população é possível. Mas vamos ver para onde vai esse dinheiro de brasileiras e brasileiros.

A dívida pública em 2019 chegou ao valor de R$ 4,248 trilhões, o maior patamar da série histórica, e as despesas com juros dessa dívida acumulam R$ 330 bilhões, e os maiores credores dessa dívida são os fundos de investimento, fundos de previdência e instituições financeiras, detentores da dívida interna. Além disso, o governo emitiu R$ 42 bilhões a mais em títulos públicos – um papel que você emite quando vai imprimir mais moeda, criando assim títulos a serem negociados no mercado financeiro – e assim endividando ainda mais o país.

A pandemia do coronavírus fez países no mundo inteiro ajustarem as contas para manter os direitos fundamentais e a sobrevivência dos cidadãos, e não deveria ser diferente no Brasil, mas, infelizmente, é. 

Na Alemanha, em 5 horas após o cadastro para o mesmo tipo de benefício, é possível sacar o valor, enquanto as medidas econômicas são feitas a toque de caixa quando é necessário salvar bancos, como o valor de 87,5 bilhões de dólares para estas instituições emitido pelo neoliberal EUA durante a crise do subprime em 2008, que levou cerca de 15 milhões de estadunidenses ao desemprego. O Brasil atualmente tem 11,9 milhões de desempregados, e diversas pessoas foram jogadas na informalidade, então esse auxílio não é somente uma medida – ou deveria ser – dos governos no mundo, mas é essencial para a sobrevivência das populações. 

O cadastro emergencial para o auxílio durante a quarentena pela pandemia do coronavírus abriu nesta terça-feira, 07 de abril, e já registrou 18 milhões de pedidos. Mais cadastros deverão acontecer, e neste governo, mesmo após um ano na liderança do Brasil não consegue melhorar a economia, retiram direitos e a cada dia já não é surpresa que uma nova notícia de erros e escândalos apareça nos noticiários e nas mídias alternativas, isso quando não é mais de uma vergonha por dia, e não é alheia, porque somos todos e todas nós que pagamos o preço. 

Porém, agora é questão literalmente de vida ou morte.

Ou o governo dá um jeito, deixa de pagar a dívida interna – que hoje é maior que externa, ou a economia não gira, o país entra em colapso e as perspectivas serão as mais negativas possíveis. Os mais velhos lembram de quando Sarney lançou o Plano Cruzado em uma sexta-feira – bancos não funcionam final de semana – e o congelamento das poupanças de Collor. Foram épocas tenebrosas, e não queremos mais isso para o nosso Brasil. Chega de sofrimento. 

Quem pode, está em quarentena, sem perspectiva real do fim deste isolamento. Quem não pode, se arrisca, e o governo Bolsonaro deve, minimamente, respeitar a toda essa população, em suas casas ou não, e pagar todo o valor a quem solicita. As capas de revista não podem, novamente, estampar crianças famintas, o coronavírus vai passar, e a população precisa do governo. Infelizmente, o presidente é Bolsonaro.