Nelson Mandela: a educação como instrumento de libertação e transformação social
No dia 12 de junho de 1964, Nelson Mandela foi condenado à prisão perpétua.
Por Manoela Moura
No dia 12 de junho de 1964, Nelson Mandela, um dos maiores ícones da luta contra o apartheid, foi condenado à prisão perpétua. A data marca um momento crucial na história da África do Sul e do movimento pelos direitos civis globalmente.
A Importância de Nelson Mandela
Nascido em 1918, Nelson Mandela entrou para a História mundial como ícone da luta contra o apartheid. O dia 18 de julho poderia ser uma data do calendário como qualquer outra se uma pessoa, em especial, não tivesse nascido nela: o líder sul-africano Nelson Mandela, considerado uma das personalidades mais importantes da História. Em 2009, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu que 18 de julho seria o Dia Internacional de Nelson Mandela. Segundo a própria organização, trata-se de um “reconhecimento da contribuição dada pelo ex-presidente da África do Sul à cultura da paz e da liberdade”.
A Jornada de Nelson Mandela
Nelson Rolihlahla Mandela, carinhosamente chamado de “Madiba” por seu povo, nasceu em 1918 na pequena vila de Mvezo. Na juventude, ele estudou Direito na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo. Em 1944, Mandela entrou para a política e juntou-se ao partido Congresso Nacional Africano (CNA) na África do Sul. O ativismo de Mandela e do CNA logo entrou em conflito com o apartheid, sistema de segregação racial entre negros e brancos que durou de 1948 a 1994 no país africano.
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Em 1952, Mandela desempenhou um papel importante em uma campanha que desafiou a chamada lei do passe, legislação que determinava que as pessoas não-brancas portassem documentos autorizando sua presença em áreas consideradas “restritas”. Mandela viajou por todo o país divulgando a campanha e levantou a bandeira da não-violência como forma de protesto contra a discriminação racial. Seus atos fizeram com que ele se tornasse um alvo frequente das autoridades da época.
Os Anos de Mandela na Prisão
Em 1960, depois do Massacre de Sharpeville, quando forças policiais atacaram manifestantes contrários ao apartheid, Mandela passou a defender atos de sabotagem contra o governo. Ele recebeu treinamento de guerrilha na Argélia e foi um dos fundadores do Umkhonto we Sizwe, braço armado do CNA. Em 1963, Mandela foi levado a julgamento sob acusações de sabotagem, traição e conspiração. Ele foi sentenciado à prisão perpétua, tendo escapado por pouco da pena de morte. Nelson Mandela ficou 27 anos preso e, nesse período, tornou-se o grande símbolo da luta contra o apartheid, inclusive para a comunidade internacional. Ele foi solto em 1990, quando o sistema de segregação racial estava se deteriorando.
Durante seu julgamento, Mandela usou a tribuna para defender sua causa. Em um discurso que durou quatro horas, ele afirmou: “Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer”.
Mandela foi inicialmente encarcerado na Ilha Robben, onde sua cela tinha apenas 2,5 metros por 2,1 metros, com uma pequena janela de 30 cm. Em 1982, ele foi transferido para a Prisão de Pollsmor, de segurança máxima, e, seis anos depois, para a Prisão de Victor Verster, de segurança mínima, onde passou a morar em uma cabana. Em 11 de fevereiro de 1990, após anos de negociações com o governo, Mandela foi finalmente solto.
Mandela Assume a Presidência da África do Sul
Após sua libertação, Mandela negociou com o governo uma transição pacífica para uma democracia, e em 1993, ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No ano seguinte, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Durante seu mandato, Mandela criou a Comissão da Verdade e Reconciliação para apurar violações de direitos humanos no período do apartheid e implementou iniciativas de educação, moradia e desenvolvimento econômico voltadas para a população negra. Mandela deixou a presidência em 1999, mas continuou a ser uma voz ativa na defesa da paz e da justiça social até sua morte em 2013.
A educação como uma arma para mudar o mundo
Mandela acreditava firmemente que a educação era uma ferramenta essencial para a libertação e empoderamento das pessoas. Durante seu mandato como presidente e mesmo após sua aposentadoria, ele se empenhou em promover uma educação de qualidade para todos os sul-africanos. Estabeleceu parcerias com o setor privado para a construção de escolas em áreas rurais e participou de iniciativas como a rede Mindset, que fornece material educativo para alunos e professores.
Com a frase: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, ele insistia que uma boa educação não apenas prepara os jovens para serem futuros líderes, mas também fortalece suas mentes e corações, criando indivíduos capazes de construir uma sociedade mais justa e equânime. Seu legado educacional reflete sua visão de que a verdadeira liberdade vem do conhecimento e da capacidade de pensar criticamente.