Nasceram esta semana os primeiros gêmeos brasileiros gerados do material genético de dois pais gays cisgênero. Gustavo Catunda de Rezende e Robert Rosselló Garcia tiveram o grande apoio familiar de Lorenna Resende, que é prima de um deles e foi barriga solidária nesse ato de amor e parceria. “Não temos palavras para expressar nossa gratidão pelo que nossa prima fez por nós”, escreveu o casal em conta compartilhada no Instagram. A parceria familiar também se firmou com a irmã de Gustavo, Camila Catunda, que doou os óvulos para o casal.

Lorenna entrou em trabalho de parto na noite da última terça-feira (22). Esse processo pôde ser feito graças a uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em junho deste ano, que alterou as normas sobre a utilização das técnicas de reprodução assistida no Brasil. Com isso, parentes de até o 4º grau começaram a poder doar óvulos para outro parente – a doação anteriormente deveria ser anônimo e sem relações de parentesco.

Em uma entrevista em video ao Site Pheeno, o casal conta que desde o começo tinham o desejo de ter um bebê que tivesse a mistura genética dos dois pais. “Isso com 19 anos de idade, sem referência nenhuma de paternidade. Com o passar dos anos, a gente pensou outras ideias, como adoção, fertilização in vitro, etc”. Gustavo conta que começaram a investir na adoção, mas tiveram vários entraves burocráticos.

Eles consultaram advogados para saber a possibilidade de gerar um filho a partir da doação do óvulo da irmã de Gustavo e o sêmen de Robert. “Mas nós recebemos vários repostas negativas, entã decidimos comprar um óvulo de um banco internacional”, disse Robert ao Pheeno. “Estávamos prestes a assinar o contrato quando a resolução do CFM mudou no Brasil. Foi uma explosão de alegria e pudemos usar os óvulos da irmã do Gustavo”.

No dia do parto, eles escreveram: “Hoje foi sem dúvidas o dia mais longo e mais emocionante das nossas vidas. O sentimento é impossível de se descrever. Não, nunca sentimos nada que se comparasse ao sentimento que tivemos hoje! Nosso amor de casal, que já era o maior do mundo, agora tomou uma proporção imensurável. O amor de uma família que se formou hoje. Nosso maior legado”.

Lorenna, a barriga de aluguel, agradeceu “por terem confiado essa missão incrível e singular de gerar seus filhos a mim”, disse. “Agora passo meu bastão e desejo todas as coisas incríveis da vida, força e muita sabedoria”.

Confira abaixo a entrevista concedida ao canal Pheeno: