“O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) não foi chamado para participar de nenhuma reunião sobre a reparação. Nunca foi, nem o MAB, nem nenhuma outra organização de atingidos e atingidas”, explica Thiago Alves, integrante da coordenação nacional do MAB, que acompanha de perto o que as mineradoras tentam aprovar com um acordo judicial de R$ 100 bilhões como reparação dos danos do crime ambiental de 2015, em Minas Gerais.

Esse acordo está prestes a ser anunciado nesta quarta-feira (7), e está sendo duramente criticado pela ausência da participação popular. O rompimento da barragem da Samarco, uma joint venture controlada pela BHP e pela Vale, resultou em um dos maiores desastres ambientais do Brasil, causando mortes e devastando vastas áreas. As negociações envolvem a Advocacia Geral da União (AGU) e a Samarco, com a participação dos governos dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Foto: Sthepanne Biondo

Enquanto acontece a reunião, do lado de fora atingidos buscam garantir que seus direitos não sejam atropelados, e que os valores sejam mais justos para as famílias que perderam tudo.

“Nós tivemos momentos de diálogos públicos com o governo federal, após o governo Lula assumir, abrir o espaço para o movimento apresentar suas pautas. Mas não há espaço real de participação dos atingidos porque nós não temos acesso aos documentos e nem nenhum poder de decisão, de intervir nesse processo”, afirma Thiago Alves, do MAB.

Qual é o objetivo da denúncia contra o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)?

MAB: O objetivo é expor a contradição dessa grande instituição, que é dirigida por políticos conhecidos no Brasil e que defendem o direito das mineradoras contra o interesse dos atingidos.

O que tem surpreendido no discurso recente do IBRAM?

MAB: O IBRAM tem surpreendido ao utilizar o discurso anticolonial e defender a soberania do Brasil, enquanto os atingidos buscam justiça nos países de origem das mineradoras.

Qual é a contradição apontada na denúncia?

MAB: A contradição é que as mineradoras saem de seus países de origem, destroem o meio ambiente e matam pessoas no Brasil, e os atingidos não podem ir aos países de origem dessas mineradoras para denunciar isso.

Como a denúncia caracteriza essa situação?

MAB: A situação é caracterizada como uma inversão do processo, um oportunismo que mostra que as instituições estão plenamente alinhadas aos interesses das mineradoras.

O que a denúncia revela sobre o financiamento do IBRAM?

MAB: A denúncia revela que o IBRAM recebe dinheiro das mineradoras, como evidenciado pela aceitação de 6 milhões de reais da BHP.

Qual é a reação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em relação ao financiamento do IBRAM?

MAB: Para o Movimento dos Atingidos por Barragens, isso é um escândalo.