O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou pela terceira vez a atuação do Banco Central na condução da política monetária e voltou a questionar o atual patamar da taxa básica de juros (a Selic), mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

“Não existe justificativa nenhuma” para a taxa de juros seguir nos níveis atuais, disse o presidente. A declaração foi feita  na posse de Aloizio Mercadante como novo presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse mais uma vez que

“Não existe nenhuma justificativa, nenhuma justificativa, para que a taxa de juros esteja, neste momento, a 13,5%. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, afirmou.

Sim, o Brasil tem a maior taxa de juros real do mundo

A taxa básica de juros (Selic) brasileira está estagnada em 13,75%, desde junho do ano passado. Na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), a autoridade decidiu pela manutenção da taxa Selic. Assim, o Brasil segue com a maior taxa de juros reais de todo o mundo.

Os juros reais são definidos a partir do desconto da projeção inflacionária para os próximos 12 meses. Nesse sentido, a taxa de juros real do país é de 7,38%. Em relação ao juro nominal, a realidade também não é muito diferente. O ranking mundial foi realizado com base no levantamento realizado pelo Moneyou em parceria com a Infinity Asset Management.

A deputada Sâmia Bomfim, do PSol, afirmou que Campos Neto, presidente do Banco Central, deveria ser demitido do cargo.

Um perfil chegou a publicar um vídeo em que o atual deputado federal Guilherme Boulos (Psol) explica “como faz para baixar o juros”.

https://twitter.com/OnePaul87/status/1621900594381307905

O economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann, apoia Lula em sua declaração acerca dos juros.

O também economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, contundente crítico do liberalismo, concordou com Lula: “É isso mesmo.”

Banco indutor do crescimento

Ainda durante a posse de Mercadante, o presidente defendeu que o BNDES tem que voltar a ser um indutor da economia. “Esse país tem que ser reconstruído, e a gente não pode demorar, a gente não pode esperar muito. Por isso, que eu acho que o BNDES precisa urgentemente, companheiro Aloizio, espero que a sua inteligência e sua competência, tudo que você fez na vida, que você faça esse banco voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento e do crescimento econômico desse país”, disse Lula.

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