O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tomou a palavra na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas para criticar o fórum da ONU e salientar que este só é “reservado” aos líderes mundiais que têm o “poder de destruir a vida”, alegando que aqueles “sem energia” não são “ouvidos” nas instalações.

“Se pedirmos que a dívida seja trocada pela ação climática, as minorias poderosas não nos ouvem. Se pedimos que parem com as guerras para se concentrarem na rápida transformação da economia mundial, a fim de salvar a vida e a espécie humana, eles também não nos ouvem. É o poder de destruição da vida que dá volume à voz nas instalações das Nações Unidas”, disse Petro.

Petro fez um apelo urgente ao mundo para defender a vida e deixar de lado a acumulação de capital como força motriz das sociedades. Destacou também que a “ganância” dos países desenvolvidos é a causa de “jogos de guerra cruéis” que apenas procuram aumentar a riqueza de alguns.

“11 milhões de hectares foram queimados na floresta amazônica em apenas um mês devido ao aquecimento global e à crise climática. Os cientistas disseram que se a floresta amazônica queimasse, alcançaríamos o ponto climático sem retorno, onde as decisões humanas para impedir o colapso não seriam mais inofensivas”, acrescentou.

Além disso, o presidente colombiano disse no seu discurso que o capital é a “maximização da morte” apontando que o “1% poderoso” daqueles que acumulam riqueza no mundo “permite-lhes atirar bombas contra as mulheres, os idosos e as crianças de Gaza. Ou bloqueia economicamente os países rebeldes que não cabem no seu domínio, como Cuba ou a Venezuela”

Conflito no Oriente Médio

Petro também abordou o conflito no Oriente Médio, chamando a situação de “genocídio” contra os palestinos em Gaza. Lembrou que, no seu discurso anterior à ONU, foi um dos líderes que promoveu uma sessão dentro da organização para negociar a paz nos territórios palestinos, e disse que os seus “apelos” foram ignorados.

“Quando Gaza morrer, toda a humanidade morrerá”, alertou, ao mesmo tempo que apelava à comunidade internacional para um cessar-fogo imediato na região.

“O fim começou. Há um ano, convoquei uma conferência de paz para a Palestina neste mesmo lugar, antes de a primeira bomba ter explodido. Hoje temos 20 mil meninos e meninas assassinados sob bombas e os presidentes dos países de destruição humana riem nestes corredores, com a ajuda do poder de comunicação dos meios de comunicação mundiais, que hoje são propriedade do grande capital, reordenam o mundo sem democracia, sem liberdade”, concluiu Petro.