Na ONU, Lula reforça necessidade de taxar super-ricos e diminuir a pobreza no mundo
No discurso na abertura da 79ª Assembleia das Nações Unidas, presidente também se posicionou por ampla reforma na ONU para torná-la capaz de lidar com os desafios globais
Ao discursar nesta terça-feira (24) na abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou a mensagem de que o mundo precisa atentar com a urgência e o compromisso devidos para as mudanças climáticas, o combate à fome e às desigualdades e o fim dos conflitos armados. O líder brasileiro reforçou também a necessidade de reformulação da estrutura da ONU, para que a instituição se torne mais plural e capaz de representar os atuais desafios globais.
“Neste plenário ecoam as aspirações da humanidade. Aqui travamos os grandes debates do mundo. Neste foro buscamos as respostas para os problemas que afligem o planeta. Recai sobre a Assembleia Geral, expressão maior do multilateralismo, a missão de pavimentar o caminho para o futuro”, frisou o presidente. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a discursar no debate geral das nações e a fala do presidente brasileiro marcou a nona vez que Lula abriu a Assembleia Geral da ONU, evento em que, durante seus três mandatos, esteve ausente apenas em 2010.
A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo.
Segurança Alimentar
A necessidade de as lideranças globais se unirem de forma clara para erradicar a fome no mundo permeou boa parte do discurso do presidente Lula. “Os dados divulgados há dois meses pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) sobre o estado da insegurança alimentar no mundo são estarrecedores. O número de pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019. Isso significa que 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) estão subnutridas. Pandemias, conflitos armados, eventos climáticos e subsídios agrícolas dos países ricos ampliam o alcance desse flagelo”, afirmou o líder brasileiro.
Aliança Global
Lula destacou o exemplo de sucesso do Brasil em torno do tema e a importância da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira que será lançada oficialmente durante a Cúpula do G20.
“A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será um dos principais resultados da presidência brasileira do G20 e está aberta a todos os países do mundo. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicar a fome. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos. Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemos em 2014. Só em 2023, retiramos 24 milhões e 400 mil pessoas da condição de insegurança alimentar severa”, reforçou.
Grandes fortunas
Em outra medida prioritária na presidência do Brasil à frente do G20, Lula criticou o crescimento vertiginoso das super fortunas e a atual política de tributação dos bilionários. “Enquanto os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ficam para trás, as 150 maiores empresas do mundo obtiveram, juntas, lucro de 1,8 trilhão de dólares nos últimos dois anos. A fortuna dos cinco principais bilionários mais que dobrou desde o início da década, ao passo que 60% da humanidade ficou mais pobre. Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido na cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global”, citou.