por Elizabete de Jesus para a Cobertura Colaborativa NINJA COP30

Na segunda semana da COP a programação seguiu repleta de debates e encontros em diferentes pontos de Belém. Um dos pontos é a Central da COP, no prédio do Instituto de Ciências e Artes da UFPA, que convidou o público nesta segunda-feira,17, para participar da roda de conversa Bem Viver das Mulheres Negras, com a  “Mesa da Marcha das Mulheres Negras”.

O encontro tinha como centro de discussão o bem viver das comunidades marginalizadas, principalmente da população negra que vive na periferia. Além disso, foi abordado outras temáticas como justiça climática, racismo ambiental e a exclusão da comunidade LGBTQIA+. Cassandra Bonifácio, mulher negra, transsexual, participou da reunião e destaca a importância da presença da população LGBTQIA+. 

“Quando a gente exclui os corpos travestis e transexuais desse debate, a gente está excluindo novamente o que o governo brasileiro já faz, que é excluir dados dentro do IBGE sobre a nossa população. Então, quando a gente fala de clima, sociedade, a gente precisa incluir nossos corpos para que a gente possa criar dados, políticas públicas, a gente sabe que números criam políticas públicas. Então, o quanto isso é importante para que a gente possa realmente ter, é, esses corpos, essas pessoas dentro de escolas, de universidade, que a gente consiga fazer uma mudança social para a minha população de travestis e transexuais”, destaca Bonifácio. 

A Marcha das Mulheres Negras é um movimento que reúne milhares de mulheres para reivindicar políticas públicas e reparação histórica para as mulheres negras no Brasil. A primeira marcha ocorreu em 2015, reunindo 100 mil mulheres na luta contra o racismo, a violência e o bem viver. 

O coletivo que reúne mulheres quilombolas, ribeirinhas, periféricas, mães, mulheres do campo, artistas e trabalhadoras, caminha para a segunda Marcha Nacional das Mulheres Negras. Esse ano, o encontro será realizado em Brasília, no dia 25 de novembro, com o objetivo de reafirmar o compromisso com  a reparação e o bem viver de vozes historicamente silenciadas. 

“Ela [a marcha] diz muito exatamente do que que o país, do que o planeta tem historicamente nos negado o direito, né? Então, nós brasileiras, principalmente, nós, mulheres negras brasileiras, principalmente da região Norte sofremos um processo de apagamento histórico. Essa marcha, ela determina um espaço, um lugar que é de articulação das mulheres, que é de fortalecimento das nossas lutas. Basta da gente chorar a violência, chorar as chacinas, os desastres, desastres ambientais, basta da gente chorar a insegurança alimentar” destaca Dalva, ativista do coletivo. 

O encontro encerrou com uma roda de música em celebração a Exú, reafirmando a importância da presença da cultura de matriz africana, da ancestralidade e do fortalecimento do coletivo, assim como o protagonismo das mulheres que são invisibilizadas.