Por Nicole Grell Macias Dalmiglio

A Coordinadora de Desarrollo y Defensa de los Pueblos Indígenas de la Región San Martín (CODEPISAM) realizou, no dia 15 de novembro de 2024, uma coletiva de imprensa no espaço Natavan, como parte da COP29, para destacar o protagonismo das mulheres indígenas na preservação da Amazônia e denunciar os impactos do capitalismo nos territórios e povos indígenas. Representando 128 comunidades nativas e 8 federações dos povos Kichwa, Awajún e Shawi, a organização apresentou modelos econômicos indígenas como alternativas sustentáveis à destruição ambiental causada pelo sistema econômico ocidental.

Durante o evento, foi ressaltada a liderança central das mulheres indígenas em iniciativas que equilibram desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Elas lideram projetos de reflorestamento, manejo sustentável de recursos naturais e produção artesanal, fortalecendo a autonomia econômica das comunidades e preservando a biodiversidade e o patrimônio cultural da Amazônia. Exemplos apresentados incluíram agroflorestas comunitárias, que combinam conhecimentos tradicionais com técnicas contemporâneas para recuperar áreas degradadas e garantir segurança alimentar, e a comercialização de produtos artesanais em mercados regionais e internacionais, fomentando economias locais sustentáveis.

Além das iniciativas, o evento serviu como um espaço para críticas contundentes ao capitalismo ocidental, identificado como a principal causa da crise ambiental que ameaça a Amazônia e o planeta. Os palestrantes enfatizaram que o capitalismo promove a exploração desenfreada dos recursos naturais, priorizando o lucro em detrimento da sustentabilidade e da vida. Em contraste, os modelos econômicos indígenas foram apresentados como baseados na reciprocidade, coletividade e respeito à natureza, oferecendo uma alternativa ao modelo hegemônico insustentável.

Foto: Reprodução/ YouTube

Dina Júc, da Alianza Mesoamericana de Pueblos y Bosques, também participou da coletiva e ressaltou a destruição causada pelos modelos econômicos ocidentais: “Os monocultivos ou esses modelos econômicos ocidentais estão destruindo grandes extensões de terras, grandes extensões de bosques, estão envenenando os rios, estão danificando e sequestrando grandes extensões de rios doces, e nos ensinaram nas escolas que a água é um recurso renovável, mas não é renovável. Vemos que hoje há grandes extensões de rios doces que já estão poluídos e que não podemos mais consumir. Então, precisamos voltar e aprender com os povos e comunidades sobre suas economias se queremos impulsionar um desenvolvimento sustentável e amigável com nosso planeta”.

A CODEPISAM também alertou sobre os impactos de práticas predatórias, como desmatamento, mineração ilegal e expansão da agricultura industrial, que comprometem os ecossistemas e ameaçam a sobrevivência cultural e econômica das comunidades indígenas. As mulheres indígenas foram destacadas como as principais defensoras da floresta, liderando soluções concretas e eficazes para mitigar essas ameaças.

Ao final, a organização fez um apelo à comunidade internacional para reconhecer e apoiar os esforços indígenas. Foi solicitado o fortalecimento de políticas públicas que protejam os territórios e os direitos das comunidades indígenas, além de investimentos em projetos liderados por mulheres. A CODEPISAM enfatizou a importância de incluir vozes indígenas nos fóruns globais sobre mudanças climáticas e biodiversidade, reforçando que a preservação da Amazônia é uma questão de responsabilidade global.

A coletiva concluiu com uma mensagem direta: os modelos econômicos liderados pelas mulheres indígenas mostram que é possível alinhar desenvolvimento e sustentabilidade, desafiando o modelo predatório dominante e oferecendo soluções práticas para um futuro mais justo e equilibrado.