Cerca de 500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda “Aroeiras”, localizada no município de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte, na manhã desta sexta-feira (8). A ação coordenada pelas mulheres sem terra integra a Jornada Nacional de Lutas, que tem como lema “Lutaremos por nossos corpos e territórios. Nenhuma a menos”.

A ocupação é motivada pelo não cumprimento da função social da terra, já que a propriedade estava abandonada pelos proprietários e improdutiva. O MST pede que a lei seja cumprida e que a área seja destinada à reforma agraria.

Maria Eni, da direção estadual do MST em MG, explica que a ocupação tem um caráter reivindicativo, já que, atualmente, existem mais de 5 mil famílias acampadas no estado à espera do assentamento definitivo.

“Estamos aqui hoje nessa ocupação protagonizada pelas nossas mulheres em função do 8 de Março, mas também em função dos travamento da nossa pauta da reforma agrária. São mais de 5 mil famílias acampadas aqui no estado de Minas Gerais, entre elas, está as famílias do acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, onde aconteceu o massacre em 2004; das famílias da Fazenda Ariadnópolis, em Campo do Meio; e as famílias do Vale do Rio Doce, na área da Suzano. São vários acampamentos com mais de dez, 20 anos sem respostas do governo”, afirma.

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O MST chama a atenção para a lentidão do governo Lula na realização da reforma agrária. De acordo com Luana Oliveira, da direção estadual do MST, os principais conflitos de terra no estado não foram resolvidos, como o relacionado à fazenda Nova Alegria, em Felizburgo, e a antiga usina Ariadnópolis, em Campo do Meio, no sul do estado.

“Esse importante gesto de coragem das famílias e do MST em Minas Gerais é, sem dúvida, a alternativa mais legitima de lutar pelo direito à terra. Ocupamos para plantar árvores e alimentos, cuidar das águas nessa região metropolitana tão carente desse recurso, que já foi tão abundante nessa região. Ocupamos porque as terras e os bens da natureza de MG são do povo mineiro, e não para Zema seguir entregando às suas aliadas, às mineradoras”, destacou. “Aqui, vamos produzir alimentos saudáveis para nós e para o povo mineiro”, completou.