Na madrugada desta terça-feira, 10, uma operação de desocupação ilegal no bairro Carlito Pamplona, em Fortaleza, resultou na morte da vendedora Mayane Lima, de 28 anos. Ela foi baleada no peito ao tentar buscar o marido, que estava em uma das barracas no terreno ocupado. Moradora da região, Mayane participava da ocupação na tentativa de conseguir uma moradia própria para a família, composta pelo esposo, que trabalha como entregador, e uma filha de cinco anos, mas não morava no local. A vítima chegou a ser socorrida pelos moradores, mas não resistiu aos ferimentos.

O terreno, desocupado há mais de 30 anos, havia sido invadido por diversas famílias nos últimos dias. Durante a desocupação, realizada por seguranças contratados pela empresa Fiotex, proprietária do local, houve um confronto entre os ocupantes e o grupo que executava a ação. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), os seguranças teriam sido surpreendidos por pessoas que arremessaram pedras e atearam fogo, culminando em trocas de tiros.

A morte de Mayane gerou comoção e revolta entre os moradores. Testemunhas relatam que o ataque aconteceu de forma repentina e violenta, com disparos e destruição das barracas por uma retroescavadeira. Uma amiga da vítima descreveu o ocorrido como uma tragédia. “Foi tirada a vida de uma mãe de família que só queria um lugar para morar”, disse a mulher, emocionada. O velório de Mayane foi marcado por cenas de forte dor, com sua filha pequena pedindo para a mãe acordar.

Em resposta à tragédia, manifestações foram registradas na Avenida Presidente Castelo Branco (Leste-Oeste), onde um ônibus foi apedrejado por moradores revoltados. Cinco pessoas foram detidas pela polícia sob suspeita de participação nos protestos. A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) confirmou que três ônibus foram danificados durante os ataques, e as linhas de transporte público foram temporariamente suspensas na região.

A SSPDS confirmou que a morte de Mayane está sendo investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Fiotex, por sua vez, emitiu uma nota afirmando que a desocupação foi testemunhada por policiais e ocorreu de forma pacífica até ser interrompida por atos de violência. A empresa também declarou solidariedade à família da vítima e às demais pessoas afetadas.