Por Vinícius Kerhart, para a Cobertura Colaborativa NINJA COP30

Trinta e três anos após a RIO-92, também conhecida como ECO-92, um evento das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, retorna ao Brasil. Entre os dias 10 e 21 de novembro, Belém será a capital do país e sede da 30ª Conferência das Partes (COP30). 

As lentes da grande mídia estarão voltadas à Blue Zone, ocupada por governantes e autoridades estatais de todo mundo, que realizam balé diplomático. Entretanto, muito além das áreas oficiais da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), a capital paraense transborda vida e luta. No período, a cidade das mangueiras será o ponto de confluência mundial daqueles que lutam para adiar o fim do mundo e construir um futuro possível e sustentável: os marginais da civilização e da globalização. 

Indígenas, ribeirinhos, quilombolas, povos tradicionais e ativistas de todo mundo,  estarão reunidos para debater – e cobrar – ações reais e precisas frente à emergência climática. Como eternizou Ailton Krenak no livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, “os únicos núcleos que ainda consideram que precisam ficar agarrados nessa terra são aqueles que ficaram meio esquecidos pelas bordas do planeta, nas margens dos rios, nas beiras dos oceanos, na África, na Ásia ou na América Latina. São caiçaras, índios, quilombolas, aborígenes — a sub-humanidade”.

Somando a outros agentes da sociedade civil, formam um bloco que não vai medir forças para impedir que a COP 30 seja apenas mais uma campanha corporativista de greenwashing. Como vem ocorrendo nas últimas edições da conferência do clima, em que o enfrentamento à emergência climática tem como condicionante interesses de potências econômicas.

A ativista Greta Thunberg, em 2021, afirmou durante um discurso após uma manifestação pelas ruas de Glasgow: “Não é segredo que a COP 26 é um fracasso. Deveria ser óbvio que não podemos solucionar uma crise com os mesmos métodos que nos levaram a ela em primeiro lugar.”.

A politicagem que não entra em prática é traçada pelas autoridades a portas fechadas enquanto as metas do “Acordo de Paris” parecem cada vez mais distantes, enquanto o planeta ruma a passos largos ao ponto de não retorno.

Porém, o sentimento de coletividade impera, para garantir o protagonismo dos mais vulneráveis, os trazendo ao cerne do debate, na busca por soluções práticas e novas formas de pensar o mundo.

Muito além dos ambientes climatizados da Blue Zone, o povo ocupa diversos pontos da cidade para o debate conjunto, busca por soluções e para idealizar novas formas de pensar o mundo.

CÚPULA DOS POVOS

Mais que remanescente da Rio-92 e da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 – realizada em em 2012 também no Rio de Janeiro – a Cúpula dos Povos é a voz da sociedade civil, das comunidades tradicionais e de todos aqueles que são mais impactados pelo colapso ambiental e que injustamente não terão voz na COP30 . 

A cúpula ocorrerá paralelamente ao evento como espaço de diálogo e busca por justiça climática e social verdadeiras, fazendo frente às falsas promessas do mercado e a uma pseudo “economia verde”.

Saiba mais

CASA NINJA AMAZÔNIA

A Casa NINJA Amazônia é um centro de mobilização política, cultural e comunicacional com sede em Rio Branco (AC) e atuação em diversos territórios latino-americanos, um espaço estratégico da luta por justiça climática no Brasil e no mundo. Criada a partir da experiência de atuação das redes Fora do Eixo e Mídia NINJA, tem atuado como base física e simbólica de articulação e visibilidade para as vozes e lutas que nascem nos territórios amazônicos e periféricos — especialmente de mulheres, juventudes, povos originários, comunidades tradicionais e LGBTQIA+.

Fique por dentro da programação

ESPAÇO CHICO MENDES

Espaço montado pelo Comitê Chico Mendes – fundado após o assassinato do líder seringueiro como uma estratégia de mobilização da sociedade -, o espaço é um catalisador de agentes que buscam soluções para uma Amazônia ambientalmente equilibrada, economicamente próspera e socialmente justa. Um lugar para encontros, trocas de saberes, experiências imersivas e celebrações do protagonismo comunitário mobilizado pelo legado de Chico.

O Espaço Chico Mendes ocupa o Campus de Pesquisa do Museu Emílio Goeldi, na avenida Perimetral, 1901, Terra Firme.

Confira a programação

CASA DAS ONGS

O espaço é organizado pela Associação Brasileira de ONGs (Abong), criada em 1991 com o objetivo de fortalecer as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) brasileiras que trabalham na defesa e promoção dos direitos e bens comuns. A casa funcionará entre os dias 10 e 12 e dias 16 e 19 como espaço democrático e colaborativo, onde organizações da sociedade civil se encontrarão para construir estratégias e pautar as urgências climáticas. 

A Abong ofertará painéis, oficinas e demais eventos que visam fortalecer ainda mais as ONG’s já existentes em prol da preservação do meio ambiente, e de alternativas para a coexistência entre o ser humano e a floresta, e de orientar interessados em formalizar novas organizações.

A Casa está situada na rua Cônego Jerônimo Pimentel, 315 – Umarizal

Confira a programação:

FREEZONE CULTURAL

Enquanto líderes globais negociam soluções, a FreeZone Cultural Action nasce como espaço complementar onde a sociedade se conecta ao debate climático através da cultura. A urgência climática se transforma em experiência. 

Shows, debates, exposições, cinema e gastronomia se encontram para tornar o diálogo climático acessível, inspirador e humano.

A FreeZone vai funcionar na Praça da Bandeira.

Mais informações:

CASA SUL GLOBAL

Uma iniciativa das redes Alianza Socioambiental Fondos del Sur e Rede Comuá, dedicada a influenciar os fluxos financeiros ao transformar o financiamento em uma ferramenta de justiça social e ambiental para comunidades nos territórios do Sul Global. 

Sua primeira edição acontecerá durante a COP30, em parceria com a Rede de Fundos Comunitários da Amazônia Brasileira e o movimento Shift The Power.

Mais informações:

CASA MARAKÁ

A Casa Maraká é uma plataforma criada pela rede de comunicadores Mídia Indígena. Localizada em Belém do Pará, é um espaço de cultura, comunicação e mobilização, idealizada e liderada por comunicadores e artistas indígenas. 

A Casa nasce como um ponto de encontro permanente para valorizar a arte, os saberes ancestrais e a sustentabilidade dos povos indígenas. 

Mais do que uma estrutura física, a Casa Maraká é um lugar de memória, de fala e de sonho, que simboliza 10 anos de atuação da Mídia Indígena e se consolida como referência para a comunicação indígena no Brasil e no mundo.

O espaço está localizado na avenida Nazaré, nº 630.

Pra mais informações:

CASA DOURADA

Sede permanente do Instituto Psica, a Casa Dourada será inaugurada às vésperas da COP30, localizada em um casarão no centro histórico de Belém, no bairro Cidade Velha. O espaço tem capacidade para 1.280 pessoas e ativações durante a conferência. A Casa funcionará como hub cultural e socioambiental, com programação fixa de exposições, talks sobre juventude e justiça climática, pocket shows, performances, gastronomia amazônica e coworking para organizações da Pan-Amazônia.

Acompanhante a COP 30 na cobertura colaborativa da Casa NINJA amazônia

Saiba mais sobre a programação, clicando aqui.