MST pede justiça ao assassinato de mais um sem terra
Era para ser um ato pacífico de protesto contra a falta de abastecimento de água mas se tornou no assassinato de mais um sem terra na manhã desta quinta-feira (18).
Era para ser um ato pacífico de protesto contra a falta de abastecimento de água que persiste há 1,3 ano no Acampamento “Marielle Vive” do MST, localizado na zona rural de Valinhos, mas se tornou no assassinato de mais um sem terra na manhã desta quinta-feira (18).
Um motorista em uma caminhonete preta, modelo Mitsubishi L200, avançou sobre as famílias que faziam o protesto na Estrada dos Jequitibás, em frente a entrada do acampamento, e atropelou diversas pessoas. O assassino atingiu o idoso Luís Ferreira da Costa, de 72 anos, que não resistiu aos ferimentos e faleceu. O motorista está foragido.
Pelas redes sociais, o diretor estadual do MST, Gerson Oliveira, pediu justiça e criticou a política de ódio promovida pelo governo Bolsonaro que incentiva esse tipo de crime. “Queremos justiça contra esse assassino que vitimou nosso querido companheiro Luís. Provavelmente este criminoso, que atropelou as famílias no protesto, deve ser um aliado do Bolsonaro, pois ele está aliado com esta cultura de morte do presidente. Hoje estamos em luto por mais um sem terra que acabou sendo vítima do ódio de classe desta burguesia de nosso país”, declarou.
A vítima desta brutalidade morava na comunidade desde a fundação e trabalhava como pedreiro. Ele estava prestes a se formar na escola de alfabetização de jovens e adultos que funciona no local. Ele tinha 10 filhos e 16 netos.
O acampamento
A área ocupada pelo MST em Valinhos está há mais de 10 anos improdutiva e, segundo a direção estadual do movimento, com projetos para a construção de um loteamento imobiliário de alto padrão, pela Eldorado Empreendimentos Imobiliários.
O projeto prevê a comercialização de 1.200 lotes, incluindo outras fazendas vizinhas. Ao todo, o empreendimento prevê o impacto de mais de 6 mil pessoas morando na área. Porém, como a área está improdutiva o MST a ocupou a área em abril de 2018 para a reforma agrária, cumprindo a função social prevista na Constituição Federal.
Desde o início da ocupação, o movimento reivindica o fornecimento de água à Prefeitura de Valinhos, o que foi negado até então. O ato desta quinta-feira foi uma entre tantas outras já realizadas pelo movimento naquela cidade. Segundo a direção estadual, cerca de 1.200 famílias estão cadastradas no acampamento “Marielle Vive”.
Luta jurídica
Considerada uma das maiores ocupações do MST no Estado de São Paulo, o acampamento Marielle Vive luta contra interesses especulativos imobiliários e políticos em Valinhos. A ocupação está amparada judicialmente por uma decisão do Ministério Público, que negou em segunda instância, a reintegração de posse por parte da empresa proprietária da área.