Obras de Barbara Wagner e Benjamin de Burca fazem parte da mostra “Five Times Brazil” em exposição no New Museum.

A peça ‘Fala da Terra’ foi realizada em parceria com o Coletivo Banzeiros do MST. Foto: Divulgação/MST

Até o próximo dia 16 de outubro, será possível conferir no New Museum, em Nova York, a mostra “Five Times Brazil”, com a exposição de cinco obras desenvolvidas pelos artistas Bárbara Wagner (Brasília) e Benjamin de Burca (Munique, Alemanha), incluindo “Fala da Terra” – desenvolvida em parceria com o Coletivo de teatro Banzeiros, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Fala da Terra foi lançado este ano e é o mais novo trabalho da dupla de artistas. A peça apresenta a prática do Coletivo Banzeiros, grupo de teatro composto por integrantes do MST, composto por militantes do movimento da região amazônica. O grupo foi criado em 2016 no Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra, no mesmo local onde há 25 anos ocorreu o massacre de Eldorado dos Carajás, na estrada que liga Marabá a Parauapebas.

Assim como as demais instalações, Fala da Terra é marcada por retratar condições econômicas e tensões sociais presentes nos contextos em que são filmadas, dando urgência a novas formas de autorrepresentação por meio da voz, do movimento e do drama.

“Para nós, enquanto Coletivo Banzeiros e sujeitos militantes que trabalham nesse campo da arte, a ‘Fala da Terra’ tem uma simbologia muito grande, porque é dar voz para as pessoas que protagonizam a luta e resistência no sudeste paraense, na região amazônica, que vai desde o indígena, do ribeirinho, do camponês, que são sujeitos que são inviabilizado pela sua luta, mas que estão no fronte, lutando por direito, por terra, por alimentação saudável”, informa Kananda Rocha Xavier, integrante do Coletivo Banzeiros.

Exposição

Além de Fala da Terra, a exposição Five Times Brazil apresenta mais quatro obras que dialogam com o período atual de turbulência sociopolítica no Brasil. Entre elas, a Faz que vai [Set to Go] (2015), que foca em quatro dançarinos cujas práticas complicam a relação entre frevo tradicional e contemporâneo no nordeste do Brasil; Estás vendo coisas (2016), que mergulha na paisagem da música brega de Recife (PE); Terremoto Santo (2017), que volta-se para o gospel produzido e interpretado por jovens pregadores, cantores e compositores do interior pernambucano; Swinguerra (2019), encomendado para o Pavilhão do Brasil na 58ª Bienal de Veneza, que analisa competições de dança nos arredores recifenses (PE).

“Juntas, as obras da exposição destacam a força e a complexidade da expressão artística e demonstram como a cultura pode oferecer fontes profundas de resistência e comunidade”.

A partir do dia 26 de agosto até 30 de outubro, a exposição também será exibida no Brasil no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), durante a exposição “Histórias Brasileiras”.

Sobre a dupla

Trabalhando juntos há uma década, Bárbara e Benjamin produzem filmes e videoinstalações que apresentam protagonistas engajados na produção cultural. A dupla normalmente colabora com não-atores para fazer seus filmes, desde escrever roteiros até encenar performances na câmera.