MST celebra 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni, no Rio Grande do Sul
Ocupação foi um marco na criação do Movimento e deu origem ao Assentamento 16 de Março, em Pontão.
Entre os dias 24 e 25 de outubro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) celebra os 40 anos da ocupação da Fazenda Annoni, localizada em Pontão, no Rio Grande do Sul. A ocupação reuniu 7,5 mil pessoas, um marco na massificação da luta pela terra, que deu origem ao Assentamento 16 de Março e impulsionou a nacionalização do Movimento.
A mobilização contou com famílias de 32 municípios do estado, que se deslocaram em mais de 200 caminhões, ônibus e carros na noite de 29 de outubro de 1985 para ocupar o latifúndio. A ação foi fundamental para a consolidação do MST não apenas no estado gaúcho, mas também para sua rápida expansão por todo o Brasil.
A programação comemorativa inclui uma série de atividades políticas e culturais, entre elas a Feira Estadual da Reforma Agrária Popular — MST 40 anos e a Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular: Memória, Luta e Desafios Atuais.
A abertura do evento contará com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira; do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Cesar Andrigh; da secretária de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar (Seab), Ana Terra; do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto; do reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), João Alfredo Braida; e do presidente da Fundação Banco do Brasil (FBB), Kleytton Moraes.
Durante a Conferência Estadual da Reforma Agrária Popular: Memória, Luta e Desafios Atuais, que ocorrerá no sábado, 25 de outubro, estão confirmadas as participações do dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile; do jurista e intelectual José Geraldo Souza; e da professora e pesquisadora em História Alessandra Gasparotto.
A realização é do MST e do Instituto Preservar, com apoio do Governo do Brasil, Fundação Banco do Brasil, Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Cooperativa de Crédito Rural de Pequenos Agricultores e da Reforma Agrária (Crehnor).
40 anos de transformação social
Após um longo período de resistência que se estendeu por oito anos de ocupação, a luta organizada resultou no assentamento de 1.250 famílias. As primeiras foram oficialmente assentadas em 1992, e o assentamento definitivo, nomeado 16 de Março, foi estabelecido em 1993.
Com uma trajetória de quatro décadas de luta e organização coletiva, onde antes havia um latifúndio, hoje existe uma área de 9,3 mil hectares que cumpre a função social da terra. As famílias camponesas produzem uma ampla variedade de alimentos, incluindo suínos, verduras, hortaliças, feijão, ovos, leite, frutas, soja, milho e trigo.
A Cooperlat, uma das cooperativas do assentamento, fornece alimentos para a merenda escolar de 220 mil crianças em 52 municípios e 74 escolas estaduais, além de abastecer quartéis do Exército e 17 cozinhas solidárias em Porto Alegre.
O assentamento também abriga o Instituto Educar, responsável pelo único curso superior do município de Pontão — Agronomia com ênfase em Agroecologia — que já formou centenas de profissionais. Além disso, a Escola 29 de Outubro, símbolo da educação do campo, tem formado gerações de educandos assentados e recebido diversas premiações por promover uma pedagogia comprometida com o território e com as experiências comunitárias.



