MPF aponta que joias apreendidas foram tratadas como bem privado pelo governo de Bolsonaro
A informação é resultado de investigações conduzidas pela procuradora Gabriela Hossri, do MPF em Guarulhos
A informação é resultado de investigações conduzidas pela procuradora Gabriela Hossri, do MPF em Guarulhos
O governo de Jair Bolsonaro (PL) tratou as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal como um bem privado do ex-presidente, em vez de considerá-las um item a ser integrado ao acervo público, de acordo com um ofício do Ministério Público Federal.
A informação, divulgada pelo G1, é resultado de investigações conduzidas pela procuradora Gabriela Hossri, do MPF em Guarulhos. O ofício, assinado em 24 de abril, recomenda uma busca e apreensão na residência de Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República (GADH), responsável pelo recebimento dos presentes durante o governo anterior. Vieira foi recentemente alvo de uma operação e teve seu celular apreendido.
A tentativa de liberar as joias junto à Receita Federal, realizada por Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, é mencionada no processo citado pela procuradora Hossri. Cid designou um militar para tratar do assunto e, segundo depoimentos, houve ligações diretas entre Cid, Bolsonaro e o ex-chefe da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes.
No depoimento à Polícia Federal, Marcelo da Silva Vieira revelou que, na tentativa inicial de Cid, foi informado que as joias seriam encaminhadas diretamente ao ex-presidente e avaliadas eletronicamente pelo GADH.
Hossri expressa em seu ofício a preocupação de que o servidor tenha concordado com o desvirtuamento do procedimento de análise das joias em seu setor, facilitando assim uma possível apropriação privada dos bens.
Até o momento, não houve comentários por parte de Bolsonaro e Mauro Cid. A defesa de Marcelo alega que ele é vítima de uma explícita perseguição ao ex-presidente.