Por Maria Vitória Moura

Segundo o movimento internacional Break Free From Plastic, multinacionais como Coca-Cola, PepsiCo, Danone e Nestlé foram as marcas mais identificadas como poluentes durante limpezas e auditorias de marcas em 42 países e seis continentes. Além disso, grande parte do plástico recolhido referente a essas empresas não é reciclável, o que aponta para a necessidade de responsabilizar essas marcas pelo lixo que despejam no mundo.

Mais de 187 mil pedaços de lixo plástico foram auditados, identificando milhares de marcas cujas embalagens dependem de plásticos descartáveis ​​que poluem oceanos e cursos de água em todo o mundo. A Coca-Cola foi a maior poluidora na auditoria global, sendo encontrados poluentes plásticos da marca em 40 dos 42 países participantes da pesquisa. No geral, o poliestireno, que não é reciclável na maioria das localidades, foi o tipo de plástico mais encontrado, seguido de perto pelo PET, material usado em garrafas, vasilhames e outras embalagens.

A auditoria realizada pelo movimento Break Free From Plastic foi publicada após uma petição de 250 mil pessoas ser entregue aos membros do Parlamento Europeu pedindo uma legislação ambiciosa para responsabilizar as empresas pela poluição plástica que causam. Com isso, a Break Free From Plastic está pedindo às empresas que reduzam o uso de plástico descartável, redesenhem os sistemas de entrega para minimizar ou eliminar as embalagens e assumam a responsabilidade pela poluição plástica que estão despejando nos sistemas de gerenciamento de resíduos, já sobrecarregados, e no meio ambiente.

“Por muito tempo, o ônus da limpeza foi visto como uma responsabilidade apenas dos consumidores e gestores de resíduos, enquanto os produtores de resíduos, as empresas que criam os resíduos, se esquivaram deles. Agora, é imperativo que as empresas assumam a responsabilidade por seus resíduos e eliminem os resíduos em um nível sistêmico”, afirmou a The Himalayan Clean Up (THC), uma organização criada em 2018 para retirar os lixos acumulados no topo do Himalaia.

A campanha, que começou após a mobilização de alpinistas contra o acúmulo de resíduos, conta com voluntários que já retiraram mais de 117.187 embalagens, das quais 108.799 eram plásticos (92,8%) de 63 locais. De todo o plástico recolhido, 77,1% não era reciclável, principalmente multicamadas e tetra pak. As marcas produtoras do plástico batem com as multinacionais apontadas pela  Break Free From Plastic como as maiores poluidores, além de outras marcas também vinculadas à produção de ultraprocessados.

Movimentos como o THC e o Break Free From Plastic precisam ser seguidos de legislações mais severas por parte do poder público para que responsabilizem essas empresas pela poluição que causam. A sociedade civil, assim como as organizações, podem e devem fazer a sua parte, reunindo dados e voluntários, mas também é preciso pressionar por mudanças institucionais que punam as multinacionais.