Mostra ‘Teto, Trabalho e Pão’ leva sessão especial ao CineSesc com filmes sobre trabalho e resistência
Edição apresenta a estreia do média “Desconstrução” e exibe os curtas premiados “Ramal” e “Samuel Foi Trabalhar”, ampliando o diálogo entre cinema e luta social
A Mostra “Teto, Trabalho e Pão” segue sua circulação por importantes espaços culturais da cidade de São Paulo e chega neste sábado, 13 de dezembro, ao CineSesc, com uma sessão especial dedicada a obras que abordam o cotidiano, as contradições e a potência da classe trabalhadora no Brasil contemporâneo. Organizado pelo projeto Cinema Sem Teto, do MTST São Paulo, o evento consolida-se como um espaço de difusão cinematográfica e mobilização social, promovendo exibições gratuitas e debates que aproximam público, realizadores e movimentos populares.
A programação começa às 14h e reúne três filmes que, cada um à sua maneira, revelam experiências marcadas por desigualdade, solidariedade e disputa por direitos.
O curta “Ramal”, dirigido por Higor Gomes, abre a sessão convidando o público a mergulhar na paisagem da Vila Marzagão, na periferia de Sabará (MG). O filme acompanha jovens motociclistas que transformam um antigo ramal ferroviário em ponto de encontro, lazer e afirmação identitária. Com uma fotografia marcada pelo contraste entre montanhas e concreto, a obra retrata um território onde juventude, risco e liberdade se entrelaçam, revelando um Brasil periférico raramente visto nas telas. Na sequência, o premiado “Samuel Foi Trabalhar”, de Janderson Felipe e Lucas Litrento, apresenta a história de um trabalhador prestes a deixar a informalidade. Às vésperas de sua contratação, Samuel passa a ser assombrado pelo próprio instrumento de trabalho, uma fantasia de engenheiro, em uma narrativa que mistura realismo e imaginário para discutir precarização, medo e expectativas de ascensão social.
Encerrando a programação, o média-metragem “Desconstrução” faz sua estreia. Idealizado por JR de Freitas e dirigido por Bruno Andrade e Rafael Teodoro, o filme costura diferentes histórias atravessadas pela desigualdade: um motoboy que luta por direitos trabalhistas, um jovem pressionado pelo tráfico e uma empregada doméstica criminalizada. Com forte base documental, a obra investiga a maneira como o trabalho, ou a falta dele, molda trajetórias, subjetividades e conflitos em um país marcado por violências estruturais e ausência de garantias mínimas. Após a exibição, haverá debate com convidados e especialistas, reforçando a proposta da Mostra de criar espaços de reflexão coletiva.
Na semana passada, a iniciativa abriu sua edição na Cinemateca Brasileira com o documentário “Não Existe Almoço Grátis”, filme de Matheus Nepomuceno e Pedro Charbel, que acompanha Socorro, Jurailde e Bizza — coordenadoras da Cozinha Solidária de Sol Nascente (DF) — durante o trabalho coletivo de preparar refeições para centenas de pessoas que chegaram à capital federal para acompanhar a posse de Lula. A força das Cozinhas Solidárias, uma das iniciativas mais potentes do MTST, ganha destaque na tela grande em uma celebração do cuidado e da organização comunitária.










