Mortes e agressões causadas pelo ódio bolsonarista são denunciadas à ONU
Denúncia encaminhada à ONU enumera uma série de 16 ataques atribuídos a bolsonaristas envolvidos em brigas políticas, incluindo três assassinatos
Por Mauro Utida
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos Deputados, encaminhou um apelo urgente para que a Organização das Nações Unidas (ONU) auxilie o monitoramento do risco real que militantes e candidatos, que de se opõem ao atual governo de Jair Bolsonaro (PL), estão correndo no país com as proximidades das eleições.
A denúncia encaminhada à ONU enumera uma série de 16 ataques atribuídos a bolsonaristas envolvidos em brigas políticas, incluindo três assassinatos. O caso do tesoureiro petista Marcelo Arruda, morto a tiros na noite de 9 de julho pelo policial penal Jorge Guaranho enquanto comemorava o próprio aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT em Foz do Iguaçu (PR), é um dos maiores exemplos da violência política motivada pelo “ódio bolsonarista” nos últimos quatro anos.
De acordo com a carta assinada pelo deputado Orlando Silva (PC do B), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, é solicitado quais os parâmetros internacionais devem ser obedecidos e quais estão sendo desrespeitados no cenário de extrema intolerância política no Brasil, além de requisitar providências que possam auxiliar o Brasil a superar o grave quadro de violações dos direitos humanos.
O documento denuncia que o grave ambiente de hostilidade e violência no país é estimulada por Bolsonaro. Um exemplo citado foi o episódio que aconteceu no dia 3 de setembro de 2018, em que Bolsonaro em campanha afirmou, com um rifle em punho, “Vamos fuzilar a petralhada”.
Orlando Silva também demonstra preocupação com o aumento do acesso a armas e munições no Brasil, que é reflexo da política de Bolsonaro que facilitar o acesso ao armamento.
Episódios recentes do “ódio bolsonarista”
14 de março de 2018: assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, executados a tiros no Rio de Janeiro;
27 de março de 2018: caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvejada a tiros enquanto percorria o interior do Paraná. As investigações não foram concluídas;
3 de setembro de 2018: O então candidato à presidência Jair Bolsonaro afirmou, com um rifle em punho, “Vamos fuzilar a petralhada”;
6 de outubro de 2018: Motociclista, que tinha na moto um adesivo do então candidato Jair
Bolsonaro, arrancou bandeiras e quebrou lanternas e vidros dos carros e agrediu pessoas durante uma carreata do Partido dos Trabalhadores na cidade de Maringá (PR);
7 de outubro de 2018: Dia do primeiro turno das eleições, bolsonaristas atropelam o cineasta Guilherme Daldin, em Curitiba – ele vestia uma camiseta com imagem de Lula;
8 de outubro de 2018: Paulo Sérgio Ferreira de Santana assassinou, com 12 facadas, o capoeirista Mestre Moa do Katendê em Salvador, por dizer que era contra o candidato Jair Bolsonaro;
9 de outubro de 2018: Grupo de pessoas usa garrafas para agredir, na cabeça, um servidor público da Universidade Federal do Paraná, além de atirar garrafas de vidro contra um prédio da Universidade e a Casa do Estudante. Durante o ataque, gritavam “aqui é Bolsonaro”. O servidor agredido usava um boné do MST;
Em discurso de posse, em janeiro de 2019, Bolsonaro declarou que a bandeira do Brasil “só será vermelha [em alusão à esquerda] se for preciso nosso sangue”;
28 de novembro de 2019: Fábio Leandro Schlindwein causou a morte de Antônio Carlos Rodrigues Furtado, após agredi-lo com socos e chutes, mesmo quando a vítima já estava caída no chão. Segundo o relatório da Polícia Militar, as agressões teriam sido precedidas de uma discussão política e que Schlindwein seria simpatizante da direita enquanto a vítima, simpatizante da esquerda;
28 de março de 2021: Rodrigo Pilha, militante do PT, foi detido por estender uma faixa chamando Jair Bolsonaro de genocida. Foi torturado na prisão. O agente que o agredia perguntava se ele, com 43 anos, não tinha vergonha de ser um vagabundo petista;
Em 22 de abril de 2020: em reunião ministerial, Bolsonaro afirmou querer o povo armado para caso perdesse as eleições;
15 de outubro de 2021: Radialista Jerry de Oliveira foi ameaçado por dois homens, um deles armado. O agressor disse: “Você não vai falar mal do Bolsonaro, porque se falar, eu vou te matar”.
7 de setembro de 2021: Defensores do presidente Jair Bolsonaro, armados, tentaram invadir o acampamento indígena Luta pela Vida, em Brasília;
No mesmo dia, Bolsonaro participou de atos massivos em São Paulo e em Brasília pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Chamou as eleições de “farsa”, disse que só sairia da presidência “preso ou morto” e exaltou a desobediência à Justiça;
12 de dezembro de 2021: Equipe da TV Bahia foi impedida de fazer a cobertura jornalística da visita de Bolsonaro à cidade de Itamaraju. Dois jornalistas foram agredidos por seguranças e apoiadores de Bolsonaro; a repórter Camila Marinho foi agarrada pelo pescoço por um segurança, numa espécie de “mata-leão”;
Em 16 de abril de 2022: após a visita do Relator, Bolsonaro falou em “tiro” e “granada” quando criticava Lula em discurso;
No dia 8 de julho: em transmissão ao vivo nas suas redes sociais, Bolsonaro atacou o sistema eleitoral e disse: “Não preciso dizer o que estou pensando, mas você sabe o que está em jogo. Você sabe como você deve se preparar, não para o novo Capitólio, ninguém quer invadir nada, mas sabemos o que temos que fazer antes das eleições”.
15 de junho de 2022: Drone lançou veneno, com cheiro de fezes e urina, sobre público que aguardava ato político com Luiz Inácio Lula da Silva em Uberlândia;
6 de julho de 2022: Um tiro atingiu a redação do jornal Folha de S. Paulo, que tem orientação crítica ao governo Bolsonaro;
7 de julho de 2022: O juiz que havia mandado prender um ex-Ministro do Governo Bolsonaro foi alvo de ataque com fezes e ovos quando dirigia carro em Brasília;
No mesmo dia, uma bomba caseira com fezes foi lançada contra plateia em ato de Lula no Rio;
10 de julho de 2022: O agente penal invadiu a festa de aniversário de Marcelo Arruda, militante do Partido dos Trabalhadores, que homenageava Luiz Inácio Lula da Silva no evento. Aos gritos de apoio a Bolsonaro, ele atirou em
Marcelo, que morreu aos 50 anos, diante de amigos e familiares.
Leia mais:
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