A operação policial na Baixada Santista, com indícios de execução inclusive de pessoas desarmadas, passou dez dias sem registrar assassinatos cometidos por policiais, mas após a declaração do governador Tarcísio de Freitas, na qual afirmou não se importar com denúncias de abusos cometidos por policiais militares feitas por entidades à Organização das Nações Unidas (ONU), foi seguida por uma retomada das mortes cometidas por PMs.

“Tô nem aí, podem ir no raio que o parta”, afirmou Tarcísio. O período de dez dias sem vítimas foi interrompido imediatamente após essa declaração. Desde o início da Operação Verão, em dezembro, até sua conclusão, em fevereiro, foram oficialmente registradas 56 mortes, tornando-a a ação mais violenta na história da PM paulista desde o massacre do Carandiru, em 1992. No entanto, esse número é questionado por organismos de direitos humanos, que projetam o número de vítimas em 62.

Um levantamento dos óbitos na região desde dezembro revelou coincidências entre as datas mais letais da operação, os assassinatos de PMs e as declarações tanto do governador quanto do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite. O levantamento foi realizado pela Folha de São Paulo.

A cronologia detalhada revela que os dias mais letais da operação coincidiram com eventos significativos, como o assassinato de policiais e declarações das autoridades. Por exemplo, o dia 3 de fevereiro, o mais letal da Baixada Santista, ocorreu logo após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo, da Rota, destacando uma possível ligação entre eventos críticos e ações policiais mais agressivas.

Além disso, casos específicos de mortes suspeitas foram denunciados, incluindo relatos de execuções sumárias e vítimas desarmadas. O aumento das mortes por intervenção policial levantou preocupações sobre a conduta das forças de segurança e a eficácia das investigações.

*Com informações da Folha