Nesta quarta-feira, 23 de outubro, o Brasil se despediu do poeta, filósofo e letrista Antonio Cicero, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e irmão da cantora Marina Lima. Aos 79 anos, Cicero sofria de Alzheimer e optou pelo suicídio assistido na Suíça, uma prática legal naquele país para pacientes com doenças terminais ou incuráveis.

Em uma carta divulgada na manhã de sua morte, Cicero explicou sua decisão, mencionando a eutanásia, cujo significado remonta ao grego como “boa morte”. Contudo, o que é permitido na Suíça é o suicídio assistido, em que o próprio paciente, e não o médico, toma a dose letal de um medicamento. A prática, além de permitida na Suíça, também é legal em outros países, principalmente para pessoas em condições irreversíveis de saúde.

Na carta enviada a amigos próximos, Cicero compartilhou sua luta contra o Alzheimer, doença que impactava severamente sua capacidade de criar e desfrutar de uma de suas maiores paixões: a leitura. Antonio Cicero deixou um legado tanto na literatura quanto na música. Autor de clássicos como Fullgás e Pra Começar, em parceria com Marina Lima, e O Último Romântico com Lulu Santos, Cicero navegou com maestria entre a poesia e as canções que marcaram gerações.

Ele também se destacou no cenário literário brasileiro, com livros de poemas como Guardar (1996) e A Cidade e os Livros (2002), além de suas contribuições filosóficas, como Finalidades sem Fim, finalista do Prêmio Jabuti em 2005. Sua poesia transcendeu o tempo e, em 2017, foi eleito imortal da ABL, ocupando a cadeira número 27.

A decisão de Antonio Cicero reacende o debate sobre o direito à morte digna. Embora o suicídio assistido ainda seja um tabu em muitos países, a prática vem sendo reconhecida.