Por Nathália Shizuka

Moradores de Paraisópolis, na região Sul de São Paulo, denunciaram mais um caso de violência policial na noite de 5 de agosto. O episódio ocorreu por volta das 20h. Em imagens enviadas ao O Globo, policiais puxam um homem sozinho, o jogam contra a viatura e batem nele com cassetetes. Na mesma cena, eles derrubam uma mulher no chão. Em outra gravação, três policiais estão com duas mulheres em uma viela da comunidade. Um agente bate em uma delas com sua arma, com a vítima já caída.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a PM instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) e apura todas as circunstâncias dos fatos. “A conduta dos policiais que aparecem nas imagens não condiz com as práticas da Instituição e as devidas medidas serão tomadas”, ressaltou. Segundo um líder comunitário de Paraisópolis, os casos de violência policial têm escalado desde abril. Naquele mês, um menino de 7 anos foi ferido durante um patrulhamento da Polícia Militar na comunidade. O garoto estava a caminho da escola e ficou no meio de uma troca de tiros na Rua Ernest Renan. Atingido pela polícia, acabou perdendo a visão de um olho.

Um vídeo feito de celular por um morador na ocasião mostrou cerca de dez policiais olhando para o chão, como se procurassem algo. A busca durava mais de três minutos. Em certo momento, um deles se abaixava para recolher algo. Segundo o líder comunitário, eram cápsulas dos tiros disparados pelos PMs. Desde então, de acordo com ele, a polícia tem intensificado as operações. Diante dos recentes casos de violência, ativistas, moradores, líderes comunitários e deputados de partidos de esquerda criaram um grupo para denunciar esses abusos, o “Comitê de Crise Paraisópolis Exige Respeito”. A oficialização ocorreu no começo deste mês na sede da Ouvidoria da Polícia.