Há quase um mês o Governo Lula fez 100 dias. Os últimos anos foram difíceis, duros e extremamente violentos para todas as pessoas que defendem os direitos humanos, a inclusão, que combatem as desigualdades, os racismos e a LGBTfobia. Lutamos para eleger um governo democrático e com compromisso com as pessoas, em especial com as que estão em situação de vulnerabilidade, e esse contexto todo nos faz criar expectativas. Por outro lado, o novo governo, com pouco mais de 100 dias ainda é novo, encontrou um país arrasado, com as políticas e equipamentos públicos delapidados, áreas em que o Brasil era referência arruinadas e um rombo nos cofres públicos.

Ao completar o tempo simbólico de 100 dias, muitas análises, avaliações, críticas e cobranças foram feitas. Algumas delas aceitáveis, baseadas na realidade, outras esdrúxulas que ignoravam todas as crises que exigiram medidas imediatas: tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro, crise humanitária que atingiu o Povo Yanomami, tragédias ambientais causadas pelas chuvas e as provocadas pela maldade humana, alta de juros e um Congresso repleto de parlamentares interessados em negociar seus privilégios, manter seus feudos, no lugar de atuar pelo bem-estar da população. Sem falar nos que lá estão apenas para provocar situações que garantam likes nas redes sociais.

Saídos de um período desastroso e com a volta do presidente que outrora fez governos com políticas públicas inclusivas e de sucesso, é óbvio que nossas expectativas estão nas alturas e é nosso direito. Porém, não nos esqueçamos do contexto tão atravessado. E ainda que o governo Lula não tenha construído tudo que nossa expectativa deseja e que a população merece, seguimos respirando melhor, porque a democracia, os direitos humanos, o respeito à diversidade, aos povos originários voltaram.
Aliás, um salve ao ministro dos Direitos Humanos, professor Sílvio Almeida, homem negro, que essa semana mais uma vez mostrou ser o ser humano certo para cargo tão importante, repudiando o uso dos direitos reprodutivos das mulheres como espetacularização barata pela extrema-direita.

O Brasil ainda não chegou aos avanços que a população precisa. Contudo, não podemos esquecer que o Governo Lula enfrentou duas grandes crises, a tentativa de golpe da extrema direita e o flagelo do Povo Yanomami, ambas provocadas pelos descaso e o sucateamento das políticas públicas. Lula recebeu um país destroçado, com militares entranhados nos órgãos públicos e nas pastas estratégicas, com a extrema-direita resistindo e tentando dificultar as principais pautas a serem aprovadas pelo Congresso.
Os programas sociais, o respeito aos direitos humanos, a proteção à saúde, às crianças e aos povos originários foram retomados. O Brasil voltou a se mostrar um grande ator internacional, com capacidade de estar entre as principais lideranças do mundo neste período.

Há um novo arcabouço fiscal em discussão, para ser votado no Congresso, aumento real do salário-mínimo, para as bolsas científicas, retomada do programa de imunização, etc. É pouco! Mas é a sinalização que o respeito à democracia e o combate às desigualdades extremas estão sendo cuidadas.

Temos desafios enormes: a retomada das políticas de fomento ao emprego, consolidar a renda básica, fortalecer ainda mais o SUS, baixar as taxas escorchantes de juros com a política executada pelo Banco Central, combater as desigualdades e para isso as políticas sociais, a geração de renda digna, revogar medidas que atrasaram o Brasil, baixar os juros para fazer a economia girar são fundamentais.

Para vencermos os tantos desafios é fundamental a participação de toda a população, pois há centenas de parlamentares que precisam ser lembrados que estão lá para defender os interesses da população, para contribuir para termos um Brasil melhor para todas as pessoas, não para defender seus interesses e de seus familiares. Nós estamos alertas e vamos cobrar atuação no combate efetivo aos latifúndios partidários, de famílias e/ou da politicagem contumaz. Que venham os próximos e decisivos passos para o Brasil que queremos!

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