A política brasileira é marcada pela desigualdade como a verdadeira expressão da nossa população. As casas legislativas ainda são lugares majoritariamente ocupados por homens brancos, que defendem os grandes interesses empresariais em detrimento da qualidade de vida e das garantias constitucionais do povo. Assim, sobrando pouco espaço para a presença e voz de mulheres e pessoas negras, que atuam em defesa dos direitos humanos e das minorias sociais do nosso país. Nos movimentos populares e partidos políticos, há muito tempo temos apontado a necessidade de ocupar essas cadeiras e governar para nós, a verdadeira maioria da população brasileira. Felizmente, nos últimos anos, temos presenciado o surgimento de projetos que procuram pesar a balança a nosso favor.

Através do Enegrecer – coletivo nacional de juventude negra – tive a oportunidade de conhecer e participar de uma dessas iniciativas, o Instituto PerifaLAB, que atua na aceleração lideranças de favelas e periferias brasileiras, territórios renegados pelo Estado, com a missão estratégica de ocupar os espaços de poder. Dentro do PerifaLAB, participei do Laboratório de Líderes Periféricas(os), um programa de aceleração em três tripés: formação, mentoria e suporte digital. Foram quatro meses em que tivemos uma formação em 20 aulas, acompanhamento individual em mentoria e acesso a métricas digitais, tudo com objetivo de aprimorar o planejamento estratégico e a comunicação de pessoas e projetos que querem virar a mesa do poder.

Em meio a crescente demanda por mais representatividade política, o Instituto PerifaLAB, que se organiza em uma rede de coletivos independentes, autônomos e suprapartidários, tem sido hoje um dos protagonistas nacionais na potencialização e impulsionamento de quadros excluídos do corpo institucional. O Perifa oferece as ferramentas necessárias para que lideranças periféricas do campo progressista, de todos os cantos do Brasil, possam disputar os espaços de poder, que também são nossos por direito.

Ainda há muito chão para percorrermos, mas o caminho finalmente já está sendo desenhado. Um Brasil com políticas públicas e leis que garantam o bem-viver e a cidadania plena para a população negra e indígena, mais direitos para as mulheres, dignidade para as LGBTQIA+ e inclusão para as pessoas com deficiência, só pode ser concretizado com a nossa presença nesses espaços. Estamos só começando!