Missão de Direitos Humanos denuncia violência contra Guaranis no Paraná e Mato Grosso do Sul
Com a intensificação da violência, o governo federal enviou tropas da Força Nacional à região, mas as comunidades continuam sob ameaça constante
Uma missão de Direitos Humanos, liderada pelo Arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, está visitando terras retomadas pelos povos Avá-Guarani e Guarani Kaiowá no oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul, onde conflitos entre indígenas e ruralistas se intensificaram desde julho. A missão, que ocorre entre quarta (11) e sexta-feira (13), tem o objetivo de prestar apoio às comunidades indígenas e denunciar a violência que enfrentam nas regiões reconhecidas como territórios tradicionais pelo Estado.
Formada por organizações indigenistas, movimentos sociais e autoridades públicas, a força-tarefa percorre áreas em conflito, acompanhada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por questões de segurança. Além do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também participam a Comissão Arns, o MST, a Aty Guasu e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), além de representantes do governo, como a Funai e o Ministério dos Direitos Humanos.
Os conflitos nas terras indígenas são marcados por uma onda de ataques coordenados por fazendeiros e arrendatários, que têm utilizado armas de fogo, incêndios e agrotóxicos contra as comunidades. Desde meados de julho, pelo menos 20 indígenas foram feridos em mais de 10 ataques de grande porte, com casos de sequestros, agressões físicas e ameaças de estupro. As comunidades também enfrentam racismo em hospitais e têm suas crianças impedidas de frequentar escolas.
A violência está diretamente relacionada à falta de demarcação das terras indígenas, agravando os conflitos fundiários que já duram décadas. A presença da missão visa não apenas apoiar as comunidades, mas também pressionar o governo federal e as instituições a tomarem medidas mais incisivas para garantir a segurança dos povos indígenas e acelerar o processo de demarcação.
Com a intensificação da violência, o governo federal enviou tropas da Força Nacional à região, mas as comunidades continuam sob ameaça constante.