Ministros do STF veem ‘interferência política’ em ação da PF que afastou Paulo Dantas
Diligência teve como alvo o governador do estado e atual candidato à reeleição, Paulo Dantas (MDB), opositor de Arthur Lira e Bolsonaro
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) enxergaram como clara tentativa de interferência no processo eleitoral a ação da Polícia Federal que teve como alvo o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), opositor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dantas está sendo investigado por um suposto desvio de R$ 54 milhões na Assembleia Legislativa do estado. A investigação aponta que ele teria um esquema com servidores fantasmas para desviar dinheiro da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). A Polícia Federal cumpriu 31 mandados de busca e apreensão em locais como a ALE e a sede do governo. As casas de Paulo Dantas e dos seus familiares também foram investigadas.
O STJ se reúne nesta quinta-feira (13) para decidir se mantém ou não, o afastamento de Paulo Dantas (MDB). A sessão extraordinária vai ocorrer às 14 horas.
Dantas é candidato a reeleição para o governo de Alagoas e venceu o primeiro turno com 20 pontos a frente do adversário Rodrigo Cunha (União Brasil). Nas redes, ele acusa a operação da Polícia Federal de manipulação, com interferência de Arthur Lira.
Hoje o Brasil pôde ver uma ação grotesca que tentou manchar a minha candidatura à reeleição de governador de AL. Uma ala da PF, sob pretexto de investigar acusações de 2017, pediu à Justiça o meu afastamento do cargo, a poucos dias do 2º turno, e estando com 20 pontos à frente. +
— Paulo Dantas (@paulodantasal) October 11, 2022
Segundo a coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, os magistrados do STF trocaram mensagens alertando para a influência sobre o eleitor que ações policiais, feitas de forma espalhafatosa, podem ter às vesperas do pleito.
Dantas foi afastado por determinação da ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Laurita Vaz, que, de acordo com Renan Calheiros, é bolsonarista e não tem competência legal para tomar a decisão.
Renan acusa Lira de estar usando o “aparelhamento do Estado” para tentar ganhar a eleição fora das urnas. “Levou uma surra. Vencemos em 84 de 102 cidades, inclusive na capital, Maceió”, disse.
Lira negou a interferência e disse não possuir ligações com o comando da PF no estado.
Com informações da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo.