Ministério Público abre inquérito criminal contra André Valadão por homotransfobia
Para população brasileira, o pastor incitou fiéis a causarem danos à comunidade LGBTQIA+ em uma de suas igrejas nos Estados Unidos
O Ministério Público de Minas Gerais abriu um inquérito para investigar o pastor evangélico André Valadão por suas declarações durante um culto religioso em Orlando, nos Estados Unidos. O Ministério Público também analisa um pedido de prisão feito pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP).
A denúncia aponta que Valadão cometeu um crime de homotransfobia durante o evento intitulado “Deus odeia o orgulho”. A informação foi relevada pela jornalista Mônica Bergamo.
Para população brasileira, o pastor incitou fiéis a causarem danos à comunidade LGBTQIA+ em uma de suas igrejas nos Estados Unidos.
“Agora é a hora de tomar as cordas de volta e dizer: Pode parar, reseta! Mas Deus fala que não pode mais”, afirmou o pastor. “Ele diz: ‘Se eu pudesse, matava tudo e começava de novo. Mas prometi que não posso’. Agora está com vocês.”
Valadão, então, insiste com os fiéis: “Não entendeu o que eu disse? Agora, tá com vocês! Deus deixou o trabalho sujo para nós”.
“É importante dizer que a fala, independentemente do contexto em que foi dita, apresenta um perigo de absoluta preocupação, sobretudo no contexto em que o Brasil figura no topo da lista de países que mais matam e violentam pessoas LGBTQIA em todo o mundo”, disse a deputada Erika Hilton no documento apresentado ao Ministério Público.
Valadão é líder da Lagoinha Global e foi um dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) na última eleição. O pastor bolsonarista deve enfrentar mais processos, já que o senador Fabiano Contarato (PT-ES) apresentou uma denúncia no Ministério Público Federal, que ainda não se pronunciou sobre o caso.
“Apesar de ele estar nos Estados Unidos, os telespectadores estão no Brasil, e o Judiciário brasileiro já tem jurisprudência para tratar casos assim. Além disso, a homofobia pode ser enquadrada como crime de racismo, previsto na Lei 7.716/89, com penas que podem chegar a 5 anos de prisão”, afirma Contarato.