Midia NINJA realiza encontro com ativistas no Rio de Janeiro
A balbúrdia não para nas casas coletivas da Mídia NINJA. No último final de semana, a equipe do Rio de Janeiro reuniu mais de 150 pessoas de 15 cidades do interior carioca para o Festiva Rio.
A balbúrdia não para nas casas coletivas da Mídia NINJA. No último final de semana, a equipe do Rio de Janeiro reuniu mais de 150 pessoas de várias cidades do país para debates, festa, conversas infinitas e reuniões livres. Foi um ótimo momento para trocar experiências, conversar sobre as realidades locais e debater novas narrativas para mobilização e articulação nas pontas.
Além dos parceiros e coletivos, alguns dos colunistas NINJA vieram provocar os debates e rodas, levantando temas como feminismo, religião e espiritualidade, negritude, empoderamento, conexões de rede, mobilização e hackerismo. A programação, como de praxe nos eventos da rede Fora do Eixo e Mídia NINJA, seguiu uma “estrutura não-grade”. Os debates começaram às 10h da manhã e os temas variavam conforme a chegada de novos convidados, sem hora fixa para terminar.
No sábado pela manhã, o pastor Henrique Vieira falou sobre religião e espiritualidade, provocando outros argumentos que geralmente não se discute fora do campo religioso: “a religião é o ópio do povo?”. Trazendo um panorama histórico sobre o fundamentalismo, Henrique afirmou que nem todos os evangélicos são conservadores e muitos se sentem acolhidos nas igrejas. Logo, o argumento da alienação e a não-escuta dessa população, muitas vezes pobre, negra e periférica, afasta mais que agrega quando se quer falar de política.
Visualizar esta foto no Instagram.
Henrique se emocionou ao contar uma história sobre a mãe de uma criança que foi assassinada na escola na favela e que buscava na Igreja uma solução para seu sofrimento, já que o Estado, além de abandoná-la em muitos momentos, foi quem matou sua filha.
A arquiteta e urbanista Tainá de Paula, que esteve no domingo, dialogou muito com as provocações de Henrique, retomando também a necessidade de políticas públicas feitas para a população mais pobre. Ela pontuou como a construção do mito em torno das falhas da administração anterior levaram uma parcela a votar em Bolsonaro, ainda que não seja conservadora.
Na noite do sábado, tivemos na Casa Coletiva uma sessão ao vivo dos Delírios Utópicos de Cláudio Prado, uma das colunas em vídeo que gera mais engajamento nas redes da Mídia NINJA.
“A vida foi completamente esquecida pelas esquerdas em detrimento de uma ideia de crescimento. Como um corpo vivo pode ter nele alguma coisa que cresce sem parar? O crescimento sem parar é um tumor maligno”, provocou Cláudio, começando os delírios falando sobre cultura hippie, política, paz e crises do século XXI.
Começando o domingo, a professora e jornalista Ivana Bentes trouxe a comunicação para o debate da cultura, trazendo a experiência do Ministério da Cultura, na última gestão de Dilma Rousseff. A partir de uma discussão sobre a Mídia-Multidão, Ivana ilustrou como a descentralização das tecnologias de mídia provocaram um novo modo de fazer jornalismo.
“Aquele jornalista de terno e gravata, filmando na frente da manifestação, já está datado”, disse.
Junto com Ivana, a ativista Maureen Santos, da Fundação Heinrich Böll falou de como é preciso avançar na politização do conteúdo do debate sobre mudança do clima, usando a experiência das mobilizações dos secundaristas liderados por Greta Thunberg. “É um debate que nos gera uma empatia mas não nos leva a uma mudança de atitude. Como é que você politiza esse debate para tirar a agenda de um lugar em que todo mundo possa falar dela sem ser rasa?”, disse.
Durante a tarde, a ativista Antonia Pellegrino trouxe as principais temáticas feministas que circulam o Congresso Nacional, como a PEC do aborto que foi desarquivada. Acompanhada de Marcelo Freixo, o deputado federal abordou os direitos humanos como uma das centralidades de sua atuação na Câmara e trouxe pra roda o debate sobre o pacote anticrime de Sérgio Moro e a reforma da previdência.
Fechando o domingo, a produtora Paula Lavigne veio compartilhar a experiência de trabalhar com o engajamento de artistas através de projetos como o 342 Artes. Ela como produtora, se colocando no papel de proporcionar então encontros, debates e conversas que conectem e expliquem o contexto político.
Com a Casa Coletiva aberta ao Festiva, não podiam faltar os momentos de confraternização. A abertura do evento contou com participação especial das Forrozinas, uma banda de forró composto por mulheres e um amplo repertório de xote e baião. Com o microfone aberto, não faltou música nas noites de Festiva.
Ninja na Estrada
O Festiva foi uma oportunidade de encontro entre as dezenas de pessoas que fizeram contato direto com a Mídia NINJA nas reuniões abertas em colunas no interior do Brasil ou nos debates com colaboradores e entusiastas nas Casas Coletivas.
Durante esta circulação, conhecemos diversos coletivos, produtores, ativistas, comunicadores, que vieram de mais de 20 cidades para o Festiva. Em comum, a vontade de agir e entender mais como atuar na conjuntura política que mina universidades, que criminaliza a cultura, que retrocede.
O Festiva serve como motor de estímulo e conexão entre pessoas e é mais uma etapa da mobilização para o Emergências, circuito de festivais de ativismo que a Mídia NINJA e Fora do Eixo vão realizar em 2019 nas 5 regiões do país. Outros encontros ainda estão previstos em nosso calendário, fiquem atentos!
Clique aqui e veja a cobertura completa no evento do Festiva.