Para além dos campos, atacante da seleção norte-americana destaca-se por seu engajamento na busca por direitos iguais

Foto: REUTERS/Denis Balibouse

Por Mariana Walsh 

Uma das jogadoras de futebol feminino mais conhecidas mundialmente, a americana Megan Rapinoe conquistou tudo o que qualquer jogadora de futebol sonha. Foi campeã olímpica, conquistou a Copa do Mundo duas vezes e foi eleita a melhor do mundo em 2019. Seu destaque, entretanto, vai além do seu talento com a bola nos pés. As conquistas, ao longo de sua carreira, sempre caminharam lado a lado com seu ativismo fora de campo. Para ela, uma coisa está ligada à outra.

Rapinoe tornou-se um importante símbolo na luta por igualdade de gênero e no combate contra a homofobia. Ela sabe da relevância que tem para além das quatro linhas, dentro e fora do seu país. Por isso, faz questão de usar o poder da sua visibilidade em favor das minorias. 

“Acredito que temos que usar o talento, as habilidades e o poder que temos para fazer do mundo um lugar melhor, da forma que pudermos ser mais eficazes.” – declarou no evento Forbes Power Women’s Summit

Parte de movimentos sociais como o Black Lives Matter, a atacante é grande defensora dos direitos civis e das mulheres. Foi a primeira jogadora de futebol a se ajoelhar durante o hino americano, num gesto em oposição à violência policial contra negros no país. E, junto com algumas companheiras de seleção, travou uma batalha de sucesso por igualdade salarial para as mulheres no futebol, que terminou com um acordo de 24 milhões de dólares entre as atletas e a federação de futebol norte-americana, a USSoccer

Desde quando se assumiu lésbica, em 2012, Rapinoe também tem sido uma grande porta-voz da comunidade LGBTQIA+. Ela é filantropa da GLSEN (Gays, Lesbians, & Straight Education Network), uma organização que busca combater a desigualdade e o bullying nas escolas dos EUA, além de ser grande defensora da presença de atletas trans no esporte. Ela e sua companheira, a ex-jogadora de basquete Sue Bird, estão entre os 40 atletas profissionais que assinaram uma carta direcionada aos legisladores dos EUA, opondo-se a um projeto de lei federal que proíbe atletas trans de praticarem esportes femininos.

Foto: Catherine Steenkeste – Megan Rapinoe se recusa a colocar a mão no peito durante o hino nacional

Grande crítica de Donald Trump, a jogadora protagonizou diversos protestos contra o governo do ex-presidente americano. Durante a Copa do Mundo de 2019, afirmou, em vídeo, que não iria visitar a Casa Branca nem se encontrar com Trump, caso as americanas conquistassem o título. Dito e feito. Rapinoe, como capitã, levantou a taça sem cantar um verso sequer do hino americano antes das partidas. Na época, ela disse em entrevista ao portal de notícias AP que “como uma homossexual americana, sei o que significa olhar para a bandeira e não sentir que ela protege as suas liberdades.”

No jogo de estreia das americanas na Copa do Mundo de 2023, Rapinoe fez seu jogo número 200 pela seleção de seu país. Aos 38 anos, ela afirmou que irá se aposentar no fim da temporada. Como jogadora, ela começa a escrever o último capítulo de sua vitoriosa história, mas esse está longe de ser o fim. Fora das quatro linhas, ela sabe que ainda há muito a se fazer. Num mundo onde ódio e preconceito ainda se fazem presente, Rapinoe é um símbolo de resistência e uma referência essencial para todos.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube