Por Marilda Campbell

A Copa do Catar foi marcada pelo grande número de jogadores lesionados. Mesmo antes de começar, atletas como Sadio Mané, do Senegal, e Karim Benzema, da França, foram cortados. Em campo, tivemos, por exemplo, os jogadores da seleção da Arábia Saudita, Salman Al-Faraj e Yasser Al-Shahrani, que sofreram lesões logo na primeira rodada da fase de grupos.

A seleção brasileira também sofreu baixas. O lateral Alex Telles e o atacante Gabriel Jesus foram cortados por lesão após o jogo contra Camarões. Já Neymar e Danilo, que se lesionaram no jogo contra a Sérvia; e Alex Sandro, que se machucou na partida contra a Suíça, passaram por tratamento médico intensivo e conseguiram voltar ao torneio.

Foto: Molly Darlington / Reuters

Um dos fatores que pode explicar o número elevado de jogadores afastados é que essa Copa do Mundo acontece em novembro e dezembro, no meio da temporada europeia, sem tempo hábil para preparação do atleta e levando-o a um esforço extra.

É nesse cenário que o departamento médico ganha uma importância extra: a de tratar e recuperar o jogador lesionado o mais rápido possível para que ele volte a jogar. É fundamental destacar que esse departamento é formado por uma equipe multidisciplinar com médico, fisioterapeuta, profissional de educação física, enfermeiro, massagista, nutricionista, psicólogo, entre outros.

Cabe a essa equipe implementar o tratamento adequado usando as melhores técnicas e equipamentos de ponta para que a recuperação seja rápida, eficaz e de forma menos invasiva.

O trabalho da equipe médica da seleção brasileira

Na recuperação de Neymar, Danilo e Alex Sandro a equipe médica da seleção brasileira utilizou técnicas tradicionais de fisioterapia, como trabalhos na academia, na piscina e em campo; aliadas à equipamentos tecnológicos para acelerar o processo de tratamento.

Esses equipamentos foram disponibilizados aos atletas pelas empresas Avanutri, fornecedora da bota de crioterapia e compressoterapia (com valor médio de 40 mil reais), e pela Cryo Brasil, produtora da criosauna (que é avaliada em 75 mil dólares), em parceria com a CBF.

A base do tratamento, tanto da bota quanto da sauna, é a crioterapia. Que é uma técnica que consiste na aplicação de nitrogênio, em parte do corpo ou no corpo inteiro, com o objetivo de tratar a inflamação e a dor, diminuindo o inchaço e a vermelhidão a partir da redução do fluxo sanguíneo promovido pelo frio.
A crioterapia diminui o tempo de tratamento. No caso de Neymar, em dez dias ele estava recuperado e voltou a jogar contra a Coréia. Se fossem usados apenas os métodos tradicionais, a recuperação levaria até três semanas.

Foto: Reprodução / Neymar

Os cuidados com os atletas também visam a melhora do rendimento, como o Enxágue Bucal com Carboidratos – CHO. Que consiste em lavar a boca por alguns segundos com uma solução de carboidrato (semelhante a um isotônico) e depois cuspir. É comum que o jogador de futebol utilize essa bebida nas pausas da partida.

Para os fisiologistas Turibio Barros e Gerseli Angeli, em matéria para o GE/Eu Atleta: “a melhora da performance observada a partir do uso dessa técnica é decorrente do estímulo proporcionado pela presença de carboidrato na cavidade bucal, levando à expectativa do consumo desse carboidrato, resultando na inibição dos estímulos nervosos implicados na origem da fadiga relacionada ao sistema nervoso central. Além disso, as áreas cerebrais relacionadas ao controle motor e à sensação de recompensa também são ativadas, levando ao aumento da sensação de prazer, excitação e ao maior estímulo motor.”

Ou seja, o Enxágue Bucal com Carboidratos engana o cérebro, que acaba fornecendo mais energia ao atleta, reduzindo a sensação de cansaço e aumentando o desempenho durante o jogo.