Mauro Cid negociou Rolex de R$ 300 mil sem certificação e obtido em “viagem oficial”; CPI analisa e-mails
Além da negociação do Rolex, Mauro Cid planejou, com o também ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Cleiton Henrique Holzschukde, o recebimento e o esconderijo de pedras preciosas não catalogadas de Jair Bolsonaro
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas analisa e-mails nos quais Mauro Cid negocia um Rolex de R$ 300 mil sem certificação e obtido em “viagem oficial”. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tentou vender o relógio a uma interlocutora no dia 6 de junho de 2022.
Na troca de e-mails, feitas em inglês, a interlocutora agradece Mauro Cid pelo interesse em vender o Rolex e diz ter tentado, sem sucesso, entrar em contato por telefone:
”Quanto você espera receber por ele? O mercado de Rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”, escreveu.
Em resposta, Mauro Cid afirma: “Foi um presente recebido durante uma viagem oficial”. Cid afirma não ter o certificado do relógio e pede 60 mil dólares pelo Rolex, o equivalente a R$ 300 mil na cotação atual.
Jandira denuncia Mauro Cid por planejar recebimento e esconderijo das joias de Bolsonaro
Além da negociação do Rolex, Mauro Cid planejou, com o também ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Cleiton Henrique Holzschukde, o recebimento e o esconderijo de pedras preciosas não catalogadas de Jair Bolsonaro (PL). A deputada Jandira Feghali revelou os e-mails na CPMI dos atos golpistas.
Segundo a deputada federal Jandira Feghali, Cleiton Henrique ordenou Mauro Cid receber em mãos as pedras preciosas, que seriam escondidas em um “cofre grande”. O presente, contudo, não consta na lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante o mandato.
As pedras foram entregues a Bolsonaro no dia 22 de outubro de 2022, durante roteiro de campanha que realizava em Teófilo Otoni, Minas Gerais.
As imagens da campanha a seguir, foram divulgadas pelo Jornal Nacional:
Na avaliação de Jandira Feghali, a apuração do recebimento das pedras se faz necessária pela CPMI, pois o emissor pode ter relações com o garimpo ilegal que financiou os atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Tem horas que eu acho que a paixão de alguns veículos de imprensa pelo próprio “exclusivo” é maior do que pela notícia e pelos fatos. Repercussão do que a @jandira_feghali denunciou ontem, pedras preciosas dadas ao casal Bolsonaro: zero. Mas quando o furo das jóias da Arábia… pic.twitter.com/Abc11N8zMu
— Leandro Demori (@demori) August 2, 2023
Relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) já revelaram o envolvimento de empresários ligados ao garimpos ilegais que operam na Amazônia com os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
O relatório foi enviado para a CPMI do Golpe, comissão que investiga a invasão às sedes dos três poderes.
De acordo com o documento, os empresários Enric Juvenal da Costa Lauriano e Roberto Carlos Katsuda são figuras-chave nesse complexo cenário de irregularidades. Ambos são apontados como ativistas que defendem a regularização do garimpo e têm sido investigados por estarem diretamente associados à prática de garimpo ilegal na região.