Documentos obtidos indicam que Cid operava como procurador formal de Bolsonaro e mantinha uma cópia de um documento datado de 22 de dezembro de 2022

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Um escândalo financeiro de proporções alarmantes abalou o país nos últimos dias, com revelações sobre uma transferência suspeita de fundos para o exterior realizada por Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente preso. A transferência de R$ 367.474,56, feita apenas quatro dias após os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023 nas sedes dos três poderes, foi identificada pelo Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As informações foram divulgadas por Miguel do Rosário, no Cafezinho.

No RIF, consta uma citação preocupante: “Salienta-se o envio de uma transferência internacional (ORPAG) no montante de R$ 367.374,56, realizada em 12/01/2023, tendo como destino os ESTADOS UNIDOS [sic] e como beneficiário o indivíduo sob análise [Mauro Cid]. Devido à natureza substancial dessa transação, que poderia suscitar suspeitas de evasão fiscal ou dissimulação patrimonial, além de outras características atípicas observadas, julgamos relevante comunicar a possibilidade de configurar indícios do delito de lavagem de dinheiro, ou conexos a ele.”

As autoridades têm evidências suficientes para acusar Mauro Cid de uma série de crimes, incluindo o suposto envolvimento em um esquema de venda ilegal de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Documentos obtidos indicam que Cid operava como procurador formal de Bolsonaro e mantinha uma cópia de um documento datado de 22 de dezembro de 2022, que pedia a transferência de recursos para uma conta nos Estados Unidos. Isso levanta questionamentos sobre sua possível participação em atividades ilícitas enquanto ainda trabalhava no governo federal.

Mauro Cid movimentou quase R$ 7 milhões nos últimos meses do governo Bolsonaro

No período de janeiro de 2022 a maio de 2023, Mauro Cid movimentou uma quantia surpreendente de quase R$ 7 milhões em suas contas bancárias, conforme revelado por um RIF do Coaf, exclusivamente obtido pelo Cafezinho.

O Coaf, em sua investigação, dividiu o estudo em três períodos distintos. No primeiro, abrangendo de janeiro a julho de 2022, Cid movimentou R$ 2,96 milhões. O segundo intervalo, de julho de 2022 a janeiro de 2023, revelou transações totalizando R$ 3,25 milhões. Por fim, no terceiro período, de janeiro a maio de 2023, ele realizou movimentações no valor de R$ 501,4 mil. Essas cifras, somadas, aproximam-se dos R$ 7 milhões.

Um RIF obtido pela equipe do Cafezinho expõe suspeitas de atividades financeiras ilícitas envolvendo vários indivíduos conectados a Mauro Cid, bem como as investigações em andamento da Polícia Federal (PF) e da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Entre os principais envolvidos, destacam-se:

  • Osmar Crivelatti, primeiro-tenente do Exército, que está sob investigação da Polícia Federal por ter sido indicado por Cid para adquirir um relógio em leilão. Ele movimentou R$ 242 mil em 7 meses.
  • Luis Marcos dos Reis, segundo-sargento do Exército e próximo colaborador de Cid na presidência, transferido posteriormente para o Ministério do Turismo. Com R$ 3,34 milhões movimentados, sua renda incompatível com a movimentação levanta suspeitas de envolvimento em atividades fraudulentas.
  • Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, apontado como peça central em uma série de práticas ilícitas, incluindo distribuição de recursos corruptos à primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e esquemas de fraude de vacinas. Diálogos documentados revelam sua influência no repasse de dinheiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que o líder da quadrilha poderia ser Bolsonaro. Cid fugiu para Miami, levando consigo joias do potento acessar a base de imagens