O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), preso desde maio deste ano por suspeita de fraude em cartões de vacinação. A informação foi revelada pelo jornal O Globo, que teve acesso ao relatório encaminhado pelo Coaf à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

No total, Cid movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses, entre 26 de junho de 2022 e 25 de janeiro de 2023. Foram R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos. Atualmente, ele recebe um salário mensal de R$ 26.239

O relatório também aponta uma operação suspeita de envio de remessas aos Estados Unidos, no valor de R$ 367.374, realizada em 12 de janeiro de 2023, quando Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos.

De acordo com o relatório, há indícios de “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.

“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, diz trecho do relatório.

Ao UOL, a defesa de Cid negou haver ilegalidade nas transações financeiras. “Todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”, apontou o advogado Bernardo Fenelon, que integra a defesa de Mauro Cid.