Martine Grael será a primeira mulher capitã na história de liga internacional de corridas de vela

Por Tatiana Abreu

Pioneirismo em dose dupla nas águas. O Brasil mergulhou com tudo em uma nova modalidade: o SailGP, renomado campeonato internacional de corridas de vela, conhecido como a corrida mais emocionante na água. E, desde o início, a equipe Mubadala Brazil mostrou que veio para fazer história ao se tornar o primeiro time representando um país na América do Sul e ainda com a primeira mulher a ocupar o posto de capitã em uma embarcação na história da competição.

Bicampeã olímpica, Martine foi anunciada como driver da equipe brasileira na SailGP em setembro, se tornando a única mulher liderando uma equipe dentre homens. A atleta reconhece o grande passo na carreira: “É um marco de muito orgulho, mas também um compromisso. Sei que carrego a responsabilidade de abrir portas para outras mulheres no esporte e mostrar que somos igualmente capazes.”, afirma.

Com uma trajetória vitoriosa, a velejadora encherga o novo proejto como uma oportunidade de inspirar outras mulheres. “Minha trajetória, construída com muito esforço e conquistas, me trouxe até aqui, e é isso que guia minha liderança. Espero que minha posição inspire novas gerações e contribua para que o SailGP e outras competições esportivas continuem promovendo a equidade de gênero de forma concreta.“, conclui a atleta.

Em agosto de 2024, após a oitava colocação nos jogos Olímpicos ao lado de Kahena Kunze, Martine declarou que não pretendia ir para Los Angeles 2028 e gostaria de focar em novos projetos. “Não foi muito difícil aceitar esse novo desafio (risos). A possibilidade de velejar no mais alto nível sempre me atraiu, ainda mais agora, competindo lado a lado com as melhores equipes do mundo no SailGP. Liderar o Mubadala Brazil SailGP Team é uma oportunidade única de levar a vela brasileira a um novo patamar e, ao mesmo tempo, inspirar os brasileiros a sonharem grande e acreditarem no potencial transformador do esporte.”, conta.

Martine Grael faz dupla com Mariana Britto que, em terra, é a Diretora de Marketing do projeto, aplicando sua experiência executiva na área de marketing esportivo. Martine e Mariana estrearam na competição em novembro, na etapa de Dubai, em que somaram um ponto. A equipe brasileira está na 11ª posição no campeonato e se prepara para a segunda etapa da edição que acontece em Auckland, na Nova Zelândia, nos dias 18 e 19 de janeiro.

Martine Grael e Mariana Britto farão parte do Mubadala Brazil SailGP Team (Créditos: Maíra Sarmento/AT Filmes)

Com a chegada de uma equipe brasileira na modalidade, Martine também conta como está a expectativa para que o esporte se popularize no país. “Meu desejo é que o SailGP inspire mais pessoas a conhecerem a vela e se apaixonarem pelo esporte. Temos um potencial enorme no Brasil, e essa visibilidade pode atrair novos talentos e apoiar o crescimento da modalidade. Também espero que eventos como o SailGP mostrem que o esporte é um agente de transformação social e ambiental, promovendo valores como sustentabilidade, diversidade e trabalho em equipe.”

A velejadora bicampeã olímpica também não escondeu a animação para competir em casa. “É a oportunidade de competir em um lugar que conheço bem, diante de uma torcida apaixonada, o que sempre dá um incentivo extra. Nossa vantagem está na conexão com as águas da Baía de Guanabara e na motivação de representar o Brasil em um evento tão grandioso em casa. Será emocionante!”, projeta a atleta. O Rio de Janeiro recebe o campeonato pela primeira vez na 6ª etapa da temporada 2025 da SailGP em maio deste ano.

Sobre o Sail GP

Em sua quinta temporada, o Sail GP reúne 14 etapas em cidades de cinco continentes e somando 11 países. A competição têm embarcações idênticas, o catamarã de modelo F50, formadas por 11 equipes com atletas de elite que combinam tecnologia de ponta e alta velocidade, podendo atingir 100km/h.

“O SailGP é uma competição única, com muita tecnologia e uma dinâmica de equipe que exige aprendizado constante. Trabalhar com um time tão diverso tem sido enriquecedor, não só na troca de conhecimentos técnicos, mas também na forma como unimos forças para superar desafios. Aprendi que, no esporte, a evolução é contínua e, quando trabalhamos juntos, podemos alcançar objetivos extraordinários.”, afirma Martine Grael.

Cada equipe é formada por 6 componentes, cada uma com um posto e/ou função diferente. Usando de exemplo a equipe brasileira, Martine Grael é a piloto/ capitã que ocupa o posto de Driver, Marco Grael e Mateus Isaac são Grinders – responsáveis por gerar potência, trimar as velas e ajudar na tática do F50, Andy Maloney é o Flight Controller – que controla a altura do voo da embarcação, Leigh Mc Millam é o Wing Trimmer – responsável por garantir que o barco alcance as maiores velocidades possíveis, já Richard Mason é o Strategist – montar a estratégia da equipe com um olhar macro da competição.

Além deles, é obrigatória a presença do atleta reserva em todas as equipes. Na Mubadala Brazil, Kahena Kunze, bicampeã olímpica ao lado de Martine, completa o time como reserva na competição.

Além do Brasil, o Sail GP reunirá Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Suíça. O calendário prevê 14 etapas, com início em Dubai, no próximo sábado, 23 de novembro.