Marta: o adeus da rainha às Olimpíadas
Em sua sexta disputa de Olimpíadas, Marta dá adeus à Seleção Feminina de Futebol. Entenda um pouco de sua trajetória olímpica.
Por: Henrique Chiapini, Anna Luiza Gonçalves, Lucas Sette
A trajetória de Marta com a camisa da seleção brasileira está com os dias contados. Em Paris, a Rainha do futebol se despede com seis Olimpíadas na bagagem. Eleita seis vezes a melhor do mundo, a jogadora do Orlando Pride revelou, em entrevista ao canal CNN Esportes, que este será o seu último ano vestindo a amarelinha.
De acordo com Marta, “Tem um momento em que a gente tem que entender que chegou a hora. Eu estou muito tranquila com relação a isso. Até porque eu vejo com muito otimismo esse desenvolvimento que a gente está tendo com relação às atletas jovens.” Destacou à CNN.
Aos 38 anos, a jogadora detém o recorde de mais gols com a camisa do Brasil, englobando tanto homens quanto mulheres. Em jogos oficiais, a craque balançou as redes 114 vezes, sendo a segunda com mais partidas na seleção feminina (181), ficando atrás somente de Formiga, que esteve em campo em 234 oportunidades.
Carreira Olímpica
Nas cinco Olimpíadas anteriores, Marta marcou 13 gols em 25 jogos, somando 2.202 minutos dentro das quatro linhas. Os seus números são excelentes, porém a medalha dourada não veio em nenhuma das ocasiões. Em 2004 e 2008, a seleção brasileira bateu na trave, tendo que se contentar com a prata em Atenas e Pequim, respectivamente, quando foi derrotada para os Estados Unidos nas duas finais.
Em 2012, a atacante de Dois Riachos-AL se juntou à Seleção Brasileira em Londres e enfrentou Camarões, Nova Zelândia e as donas da casa na fase de grupos. Passando de fase, acabaram sendo eliminadas pelo Japão e saíram derrotadas, sendo a primeira vez que o Brasil ficaria de fora de uma semifinal olímpica. Naquele ano, Marta terminaria o torneio com dois gols e uma assistência, todos na primeira partida, contra a equipe africana.
Quatro anos depois, a atleta alagoana seria mais uma vez acionada para disputar com a Seleção o torneio olímpico, desta vez em solo brasileiro, no Rio de Janeiro. Naquele ano, a equipe brasileira inaugurou sua caminhada olímpica contra a China, que derrotou por 3 a 0. No jogo, talvez tenha sido a primeira vez que Marta sentiu a torcida da grande massa brasileira, que terminou a partida aos cantos de “Marta é melhor que Neymar”, relacionando-a com o ídolo brasileiro mais recente.
A caminhada do Brasil ainda veria o time enfrentar a Suécia, que as brasileiras deram um baile de 5 a 1, e a África do Sul, que empatou em 0 a 0, confirmando o Brasil no primeiro lugar do grupo. No mata-mata, Marta e companhia enfrentaram a Austrália nas quartas de finais, reencontrando a Suécia na semifinal, mas empatando em 0 a 0 nas duas ocasiões, quando venceram a primeira nos pênaltis, mas perderam a segunda. Na partida que valia o bronze, as brasileiras jogaram contra o Canadá, porém, infelizmente, também saíram com resultado negativo sem o brilho de Marta, amargando o quarto lugar.
O legado dela no Rio em 2016 acabou sendo dois gols e duas assistências em seis partidas, mas um destaque emocionante em entrevista após a última disputa. Sempre com falas mostrando amor à modalidade e com apelos pedindo respeito e investimento para o futebol feminino, ela agradeceu o apoio da torcida. “Ganhamos vários fãs na Olimpíada, enchemos os estádios. Isso é o maior prêmio. Lógico que queríamos o pódio, mas ser aplaudida em todo lugar, isso que vamos levar. Agora peço ao povo brasileiro: Não deixe de apoiar o futebol feminino. Precisamos muito de vocês”, clamou Marta em entrevista ao SporTV.
Tóquio 2020, A Olimpíada Mais Desafiadora
Devido à pandemia de COVID-19, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 foram adiados e realizados em 2021. Marta, então com 35 anos, entrou em campo determinada a levar a seleção brasileira ao pódio. Já consolidada como uma lenda do esporte, ela se destacou mais uma vez, marcando gols importantes, dois contra a China e um contra a Holanda, sendo uma liderança inspiradora para suas companheiras de equipe.
Em Tóquio, Marta disputou pela quinta vez as Olimpíadas, e se tornou a primeira jogadora a marcar em cinco edições: Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e, agora, Tóquio 2020.
Apesar das dificuldades e da forte concorrência, o Brasil avançou para as quartas de final, quando enfrentou o Canadá, que ficou no 0 a 0 no tempo real. Após um jogo intenso, a partida foi decidida nos pênaltis, e o Brasil acabou sendo eliminado por 4 a 3. Mesmo com a derrota, Marta demonstrou sua garra e talento, reforçando seu status de ícone do futebol feminino mundial.
“Agora é pensar no futuro. Continuar apoiando a modalidade porque o futebol feminino não acaba aqui, continua. Espero que as pessoas tenham mais consciência e não apontem dedo pra ninguém, não tem culpado. Faltou a bola entrar. Estou muito orgulhosa da equipe.” – Disse Marta, em entrevista para o UOL após a eliminação em Tóquio-2020.
Enfim, Paris 2024
A Olimpíada de Paris 2024 é marcada por um clima de despedida para Marta. Anunciando que seria sua última competição olímpica com a seleção brasileira, ela declara: “Não vai faltar vontade, garra pra gente ir em busca desse sonho, que não é só das atletas, mas de uma nação. Estamos trabalhando muito e acredito que teremos a oportunidade de mostrar isso desde o primeiro momento quando estivermos na Olimpíada, que é uma competição difícil, de muito equilíbrio”, relatou em uma entrevista à CBFTV.
Com certeza, em Paris, será um marco ver Marta entrando em campo com a mesma paixão e dedicação que caracterizaram sua carreira. Com 38 anos, ela ainda é uma das principais jogadoras do time, tanto dentro quanto fora de campo. E mesmo depois de dar adeus à competição olímpica, seu impacto no esporte continuará a inspirar futuras gerações de jogadoras no Brasil e ao redor do mundo.