Marielle foi assassinada por combater milícias e grilagem de terras no RJ, diz Polícia Federal
Os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal (ex-deputado do União-RJ), foram presos sob suspeita de serem os mandantes do crime
De acordo com a Polícia Federal, Marielle Franco foi vítima de assassinato por sua atuação firme contra um esquema de loteamentos de terra em áreas de milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro, sob comando dos irmãos Brazão, que contava com apoio do chefe da Polícia Civil do estado. Marielle foi assassinada no dia de votação do PLC 174/2016, de autoria de Domingos Brazão, e que iria favorecer a área sob domínio da milícia.
Os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal (ex-deputado do União-RJ), foram presos sob suspeita de serem os mandantes do crime.
Além dos Brazão, o ex-chefe da Polícia Civil do RJ, Rivaldo Barbosa, também foi detido. Sua nomeação para o cargo um dia antes do assassinato de Marielle levanta suspeitas sobre uma possível relação entre sua nomeação e a execução do crime. Rivaldo é acusado de colaborar com os Brazão e de ajudar a arquitetar o assassinato, prometendo impunidade aos mandantes.
A investigação revela que os irmãos Brazão, políticos com uma longa história no estado, viram em Marielle uma oponente de seus interesses criminosos. Marielle se opunha ao esquema de loteamentos de terras em áreas de milícia, defendendo o direito à moradia popular, enquanto os Brazão buscavam a exploração econômica dessas áreas.
O relatório da PF destaca a divergência política entre Marielle e os Brazão em relação à regularização fundiária e ao uso das terras. Testemunhas ouvidas durante a investigação afirmaram que a atuação política de Marielle prejudicava os interesses dos irmãos Brazão, especialmente em áreas controladas por milícias, onde eles concentravam uma parte significativa de sua base eleitoral.
A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, um dos executores do crime, também ofereceu insights sobre as motivações por trás do assassinato. Lessa afirmou que Marielle estava atrapalhando os interesses dos Brazão em comunidades dominadas por milícias, o que pode ter sido o gatilho para a execução do crime.
O projeto de lei apresentado por Chiquinho Brazão, que visava legalizar construções irregulares em áreas de interesse da milícia, foi apontado como um ponto de atrito entre Marielle e os Brazão. Marielle votou contra o projeto em duas ocasiões, enfurecendo Chiquinho Brazão, segundo relatos de testemunhas.