A cineasta brasileira Marianna Brennand foi homenageada com o Women In Motion Emerging Talent Award 2025, prêmio dedicado a cineastas em ascensão e concedido pelo grupo de luxo Kering, em parceria com o Festival de Cannes. A cerimônia aconteceu no dia 18 de maio, durante o tradicional jantar oficial do programa na Riviera Francesa. Na mesma noite, a atriz australiana Nicole Kidman foi reconhecida pelo conjunto de sua carreira e por seu ativismo em prol da representatividade feminina na indústria audiovisual.

Com a conquista, Brennand se torna a primeira brasileira a receber a honraria, que completa 10 anos de existência em 2025 e se consolidou como uma das principais iniciativas de incentivo ao protagonismo feminino na sétima arte.

“Ser a primeira brasileira a receber este prêmio é uma conquista que carrega força coletiva. Traz visibilidade não só pra mim, mas pra todas as mulheres incríveis que constroem o cinema ao meu lado: colegas, parceiras, amigas de jornada”, afirma a cineasta.

Marianna foi indicada pela cineasta malaia Amanda Nell Eu, vencedora da edição anterior, como parte de uma tradição que valoriza a transmissão entre gerações de cineastas comprometidas com narrativas potentes e transformadoras. Para a brasileira, a ocasião foi ainda mais significativa por dividir a noite com Nicole Kidman: “Receber esse prêmio ao lado de Nicole Kidman, que tem um compromisso público com a representatividade feminina e se propôs a trabalhar com uma diretora mulher por ano, torna tudo ainda mais simbólico. Esse reconhecimento fortalece meu compromisso com um cinema de impacto, e me enche de fôlego pra seguir criando com coragem, afeto e propósito.”

Foto: Divulgação / Manas

Um cinema de coragem e denúncia

O reconhecimento internacional chega pouco após a estreia de “Manas”, primeiro longa-metragem de ficção de Marianna Brennand, uma coprodução entre a Inquietude, Globo Filmes e Canal Brasil. O filme já havia chamado atenção da crítica ao receber o prêmio máximo da Jornada dos Autores — mostra paralela do Festival de Veneza — em 2024.

“Manas” se passa na Ilha do Marajó, no Pará, e acompanha a história de Marcielle, uma adolescente de 13 anos que vive com os pais e irmãos em uma comunidade ribeirinha marcada por violência estrutural e relações familiares opressivas. Conforme amadurece, a jovem passa a confrontar os abusos naturalizados ao seu redor — especialmente contra as mulheres de sua comunidade.

O ponto de partida para o roteiro surgiu quando a diretora tomou conhecimento de casos de exploração sexual de meninas em balsas que circulam pela região amazônica. A protagonista é interpretada por Jamilli Correa, que contracena com Dira Paes, Fátima Macedo e Rômulo Braga, além de atores locais.

Com uma estética crua e sensível, o longa denuncia dinâmicas de abuso e desigualdade de forma poética e urgente — marca que já posiciona Brennand como um dos nomes mais promissores do novo cinema brasileiro.