Márcia Freitas adota jumentos e salva animais que enfrentam ameaça de extinção por alta demanda da China
O Menino Vaqueiro foi fundado há 14 anos e, desde então, a luta de Márcia Freitas é diária
Em meio às paisagens áridas dos arredores de Fortaleza, no Ceará, um pequeno abrigo se destaca como um verdadeiro refúgio para jumentos resgatados de condições cruéis. O Menino Vaqueiro, fundado por Márcia Freitas, de 36 anos, é um testemunho da dedicação de uma mulher que trocou sua carreira como cuidadora de crianças para lutar contra o abate desordenado de jumentos no Brasil.
Conhecida na região como a “louca dos jumentos”, Márcia resgata e cuida de jumentos e cavalos que chegaram ao abrigo em condições críticas. “Os animais, para mim, os jumentos, principalmente, são mais do que filhos. É como se fossem um pedaço de mim”, afirma ela com emoção. Atualmente, Márcia abriga 68 jumentos, dos 96 que já passaram por suas mãos. A história foi revelada por Pollyana Araújo, e publicada pelo O Globo.
A missão de Márcia não é fácil. Além dos altos custos para manter o abrigo — que sobrevive de doações —, ela enfrenta uma realidade cruel: o constante risco de roubo de animais. Duas invasões já ocorreram, com criminosos levando os jumentos com a intenção de vendê-los, possivelmente para a indústria de colágeno na China, aponta a reportagem de O Globo.
Mercado da China
O mercado global de ejiao, um remédio tradicional chinês feito de colágeno de jumento, é uma das principais ameaças para esses animais. De acordo com a The Donkey Sanctuary, uma organização britânica dedicada ao bem-estar dos jumentos, a demanda por ejiao pode levar ao abate de até 6,7 milhões de jumentos anualmente até 2027, colocando a espécie em risco de extinção.
No Congresso Nacional, um projeto de lei está em tramitação para proibir o abate de jumentos no Brasil, uma resposta direta aos apelos dos ativistas que denunciam a crueldade envolvida. Márcia, que lamenta a situação, faz o possível para salvar o maior número possível de jumentos do destino trágico. “Se eu pudesse, teria aqui uns 300 a 400 jumentos. É uma das maiores tristezas saber que eles estão sendo abatidos. Tudo o que faço é com muito amor. Os animais mais doces e carinhosos que você pode imaginar são os jumentos”, desabafa ela.
O Menino Vaqueiro foi fundado há 14 anos e, desde então, a luta de Márcia é diária. Com o apoio de três funcionários e uma veterinária, ela batalha contra as dificuldades financeiras para garantir um lar seguro para os animais. Márcia sonha em comprar um terreno para estabelecer uma sede definitiva para o abrigo, o que proporcionaria maior segurança e estabilidade para os jumentos. “Todo mês é um sofrimento para conseguir pagar o aluguel. Se conseguíssemos comprar um espaço, os animais teriam uma vida mais segura”, conclui.
Enquanto a luta pela proteção dos jumentos continua, Márcia Freitas segue firme em sua missão, uma verdadeira guardiã dos animais em um mundo que frequentemente lhes vira as costas.
*Com informações de O Globo