Marcelo Gross lança livro com todas suas letras e doará lucros para livraria atingida por chuvas no RS
Compositor da banda Cachorro Grande lança “Grosswords” com composições de toda a sua carreira e compartilha letras inéditas
Por Priscilane Rocha
Marcelo Gross, músico da banda Cachorro Grande e um dos maiores nomes do rock brasileiro, reuniu todas suas composiçõe em um só livro. “Grosswords” conta com apresentação de Paulo Miklos e organização do jornalista Saulo Marino, e será lançado pela editora Aboio. O cantor possui mais de duas décadas de carreira e o livro carrega a história de seus trabalhos, dos primeiros com a banda Cachorro Grande, até o mais recente lançamento solo. Para apoiar o projeto, acesse o crowdfunding.
O livro marca um momento importante para o cantor: durante sua carreira ele escreveu cinquenta letras para a banda, cinquenta letras para sua carreira solo, além de completar este ano cinquenta anos de idade. “Esse seria o momento mais apropriado para esse lançamento”, comenta o artista. Marcelo Gross co-fundou a banda Cachorro Grande e lançou oito álbuns de estúdio. O cantor iniciou sua carreira como baterista e esteve presente na turnê “A Sétima Efervescência”, com a banda Júpiter Maçã. Em carreira solo, o cantor lançou quatro discos: Use o Assento para Flutuar (2013), Chumbo & Pluma (2017), Tempo Louco (2021) e Exilado (2022).
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Parte do valor arrecadado na pré-venda será doado para a reconstrução da Livraria Taverna, que foi vítima das enchentes do Rio Grande do Sul, e localiza-se no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. O letrista comentou estar feliz em ajudar, visto que a livraria é um símbolo importante da cidade e também frequenta o lugar. Vale mencionar que a pré-venda do livro vai até o dia 23/06/2024 e todo mundo que apoiar este projeto terá desconto e o nome impresso no livro.
O compositor conversou com o S.O.M e deu um pouco mais de sua visão para o processo criativo. Confira mais detalhes sobre o lançamento e quais são seus projetos futuros:
S.O.M: Você comentou que cinquenta é um número significativo para você, pois tem ligação com as letras que você escreveu para banda e em trabalhos solo, além de ser a sua idade. Nesse sentimento de retrospectiva, como foi a sensação de ver suas letras escritas juntas em formato de livro? Você já tinha pensado anteriormente em lançar um projeto parecido?
Marcelo Gross: Foi uma sensação boa, de ver o trabalho de duas décadas reunidos em uma publicação.
Eu comecei escrevendo poemas na adolescência, influenciado pelos escritores da geração Beat como Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Lawrence Ferlinghetti. Então eu meio que brincava de confeccionar livros com meus poemas dividindo folhas de ofício datilografadas em 4 partes e grampeando elas de modo que ficassem como um livreto, então lançar um livro com meus escritos era um sonho antigo.
Esse início escrevendo poemas me facilitou na hora em que comecei a escrever canções, e eu sempre fui fã de artistas cujas letras se sustentam sem a melodia, como Bob Dylan, Lou Reed, Chico Buarque e Jim Morrison.
Quando o Saulo Marino deu a sugestão de reunirmos todas as letras de músicas lançadas em minha carreira em um livro, eu não tinha contado quantas letras eu tinha escrito e fiquei surpreso que coincidentemente fechava, além de 100 letras, 50 escritas para a banda e 50 para a carreira solo, além de 50 ser a minha idade.
Portanto achei que cosmicamente a numerologia mostrou que esse seria o momento mais que apropriado para esse lançamento.
S.O.M: O livro contém quatro letras inéditas para mostrar ao público um pouco mais do seu processo criativo. Dito isso, o que te motivou a compartilhar essas letras inéditas e o que você espera da reação dos fãs com essas letras que estarão presentes no livro?
Marcelo Gross: São 4 letras de canções que eu estava trabalhando durante a organização do livro e que brevemente verão a luz do dia nos próximos lançamentos.
Achei interessante inverter o processo e fazer com que as pessoas conheçam a letra antes da música.
S.O.M: Você deseja, para o futuro, publicar outros projetos como uma autobiografia contando sua trajetória no mundo da música e a rotina com a banda?
Marcelo Gross: Sim, estamos trabalhando em outro livro, dessa vez no formato de entrevista do tipo pergunta/resposta no qual conto minha trajetória em ordem cronológica.
Cresci lendo muitos livros e compilações nesse formato. Acho interessante a leitura nesse esquema de bate papo, como as entrevistas de John Lennon para a Rolling Stone, por exemplo.
S.O.M: Mais algo a acrescentar?
Marcelo Gross: Lembrando que parte da pré-venda do livro será destinada a reconstrução da Livraria Taverna, que fica no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre, e que foi duramente atingida pela enchente do mês de maio. É uma livraria símbolo da cidade, a qual eu frequento, e estou feliz de poder ajudar de alguma forma.