Na última quinta-feira (19), o Brasil deu um passo histórico com a assinatura da ordem de serviço para a construção do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) Quilombola, que será localizado no Povoado Oitiua, em Alcântara. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador do Maranhão, Carlos Brandão, e da Diretora-Geral do IEMA, Cricielle Muniz, que foi destaque no evento como símbolo de inclusão social e valorização das comunidades quilombolas.

“Como mulher preta e Diretora-Geral do IEMA, é uma alegria imensa estar aqui em Alcântara, ao lado do presidente Lula e do governador Carlos Brandão, para celebrar este momento histórico que marca a assinatura da ordem de serviço do IEMA Pleno Quilombola. Estamos falando da primeira escola de tempo integral dentro de um quilombo, um instituto de excelência educacional que oferece infinitas oportunidades para os jovens quilombolas”, declarou Cricielle, emocionada. Ela destacou a importância do IEMA como um espaço que proporcionará educação integral e tecnológica, com cursos de robótica, intercâmbios internacionais e participação em olimpíadas científicas.

A criação do IEMA Quilombola no Povoado Oitiua representa muito mais do que uma iniciativa educacional. É um marco de transformação social, fortalecendo a luta pela preservação da memória e da cultura das 122 comunidades quilombolas da região. Para Cricielle Muniz, nascida e criada na periferia de São Luís, na Ilhinha, sua trajetória como a primeira mulher negra a liderar o IEMA simboliza a resistência e o poder da transformação. “Estamos honrando a ancestralidade de um povo que resistiu neste território marcado pela dor e pelo açoite. Agora, transformamos esse espaço em lugar de vida, de sonhos e de protagonismo”, afirmou a Diretora-Geral.

Desde que assumiu o cargo de Diretora-Geral do IEMA, Cricielle tem sido uma voz ativa na implementação de iniciativas voltadas para a promoção da igualdade racial e inclusão social. Em 2023, com a criação da Coordenação Étnico-Racial dentro da instituição, o IEMA deu um passo decisivo para integrar as culturas ancestrais quilombolas ao currículo escolar, garantindo que a educação técnica de excelência seja também um espaço de preservação cultural. “Nosso compromisso é com uma educação que respeita a tradição, a oralidade e a circularidade, valores essenciais para o bem viver nos quilombos”, ressaltou.

O governador Carlos Brandão também celebrou o momento histórico, afirmando que a criação do IEMA Quilombola no Povoado Oitiua representa um marco na educação do estado. “Este é um instituto pensado para atender as necessidades de nossa população quilombola, proporcionando oportunidades de crescimento e inserção no mercado de trabalho”, disse Brandão.

O projeto pedagógico do IEMA Quilombola será construído em diálogo direto com as comunidades locais, garantindo que os cursos oferecidos atendam às suas demandas reais e respeitem suas tradições culturais. Diversas audiências públicas serão realizadas para definir os cursos ofertados na unidade, assegurando a participação ativa das comunidades quilombolas nesse processo. Além disso, o IEMA Quilombola fortalecerá o desenvolvimento social e econômico da região, contribuindo para o empoderamento das novas gerações quilombolas.