Manifesto de apoio a Boulos e Sonia é lançado com mais de 500 assinaturas
Evento também deu início a plataforma online “Vamos” de mobilização da pré campanha.
Com a Casa do Baixo Augusta lotada, em São Paulo, os pré-candidatos à presidência da República Guilherme Boulos e Sonia Guajajara lançaram seu primeiro manifesto público de apoio, assinado por representantes diversos da sociedade civil, artistas e ativistas dos movimentos sociais.
Leia em primeira mão o manifesto:
Terra, teto, trabalho e liberdade. Justiça, segurança e um futuro digno. Muito além da renda, é em torno desses direitos que se expressa a radical desigualdade brasileira. E é em nome desses direitos que nossa democracia, mais uma vez, precisa ser reconstruída.
Estamos assistindo a retrocessos e ataques inéditos desde o final do regime militar. É preciso olhar essa realidade de frente. E reconhecer não apenas a gravidade do momento, mas a responsabilidade que se impõe a uma geração inteira. E é em nome dessa responsabilidade, de nossos direitos fundamentais e de nossa democracia, que apoiamos as pré-candidaturas de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara à Presidência da República.
Aqui não está em jogo apenas um projeto para a próxima eleição, mas para a próxima geração. O candidato à Presidência mais jovem da história brasileira e a primeira indígena numa chapa presidencial. Uma candidatura arejada, construída de baixo pra cima, numa aliança inédita entre partidos e movimentos sociais.
Porque resistir à escalada autoritária não é o suficiente. É preciso defender um projeto que avance sem medo em direção a uma democracia que vá muito além do voto. Uma democracia que se realize na vida cotidiana, não apenas na urna. Resistir ao ódio travestido de falso patriotismo é pouco. É preciso interromper a destruição dos direitos e dos mais preciosos recursos de nosso país. E defender nosso patrimônio natural e nossa soberania econômica como um ato de amor ao Brasil.
Da mesma forma, erguer a bandeira da esquerda não é o bastante. É preciso explicar o que de fato ela representa: que o destino de todos não pode estar submetido à ganância de poucos. Que um governo deve servir às maiorias, nunca às corporações. Que a apropriação privada do bem público, pela corrupção ou pelos privilegios, não pode estar na gramática de quem quer mudar a sociedade.
Resistir é necessário, mas não suficiente. É preciso reconhecer que essa ofensiva conservadora é, antes de tudo, um ato de desespero. Pois a verdadeira força está do nosso lado.
A consciência negra escancarou nosso passado escravocrata. O feminismo e suas muitas expressões, a afirmação das identidades LGBTs abalaram as bases da velha “normalidade” entre os gêneros. Os povos originais, as etnias indígenas liderando a defesa de nossos biomas. As famílias trabalhadoras que ocupam latifúndios improdutivos e terrenos abandonados para dar um teto digno a seus filhos e filhas.
Essas forças sociais, para nós, definem a própria ideia de maioria.
Estamos diante um momento que revela o esgotamento dos poderes da República. Basta ver o presidente, a elite econômica e financeira que arquiteta as contra-reformas e os golpes, a interferência seletiva do poder judiciário na própria disputa eleitoral. Defender direitos elementares soa como radicalismo, exigir outra política econômica e outra democracia é anti-sistêmico. Mas, para essa pré-candidatura, radical é a injusta realidade a que a maior parte do povo está sujeita.
É isso que Guilherme Boulos e Sônia Guajajara vão defender nessa campanha, por todo o país. E por isso contam com nosso apoio. O representante do maior movimento de trabalhadores na luta por direito à moradia. Uma liderança dos povos indígenas e sua luta pelo direito à vida e à terra. Os mais jovens candidatos à presidência de nossa história.
É mais do que simbólico. 2018 já é um ano crucial na história do país. Pode ser um pontapé inicial para um renascimento democrático e para a formação de um novo projeto popular de poder, agregador de pautas, lutas, direitos; capaz de voltar a despertar esperança em todos e todas atores sociais do nosso povo explorado e oprimido, que nunca se rendeu nesses 518 anos de resistência.
É por isso que vamos sem medo. Com Boulos e Sonia, somos nós lá!