Por Mauro Utida

Uma carta aberta escrita por 450 padres católicos contra o fascismo alerta contra reeleição de Jair Bolsonaro (PL), critica o uso do nome de Deus na campanha do atual presidente e elenca 10 elementos para alertar à população a não repetir o mesmo erro de 2018, classificada como “uma tragédia anunciada”, e que com uma nova vitória da extrema-direita pode colocar o Brasil em “uma crise humana mais profunda”.

Para o movimento dos padres católicos, a campanha eleitoral de Bolsonaro deste ano repete a do ano anterior quando se elegeu enganando com fake news uma população desmotivada por crises econômicas, escândalos de corrupção e insuflada por discursos de ódio.

“Um discípulo de Jesus consciente não pode reeleger um homem que com palavras e obras demonstra ser o oposto de tudo aquilo que Jesus é e anuncia”, declara o manifesto.

A carta alerta que o uso do nome de Deus é apenas uma estratégia de controle das consciências, pois o discurso de Bolsonaro e suas ações são uma total oposição ao Evangelho.

E chama à atenção para o discurso de ódio do atual presidente contra aqueles que considera inimigos – ainda que imaginários como os “comunistas”. Mas, sempre apresenta um discurso ligado à violência, ao apelo às armas, com desprezo pelos pobres, pelas mulheres, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas, população de rua, comunidade LGBTQIA+ e migrantes.

Outros pontos de alerta informados na carta dos padres são o combate às fake news, a conduta do governo federal pela má gestão da pandemia de covid-19, volta da pobreza com mais de 33 milhões de pessoas passando fome no país, o aumento do desmatamento, a  corrupção institucional do governo, ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e o questionamento do processo eleitoral, criando desconfiança e instabilidade ao sistema eleitoral brasileiro.

O manifesto também critica o que eles chamam de “claros sinais de fascismo e autoritarismo”. Com o lema: “Deus acima de tudo, Brasil acima de todos”, Bolsonaro faz uma propaganda comparada aos nazistas, declara a carta.

Por fim, a carta faz uma defesa ativa ao Estado Democrático de Direito. “Em um Estado laico a única realidade que está acima de tudo é a Constituição, que existe para garantir a liberdade e o bem estar de todos os cidadãos, não importando suas etnias, religiões ou classes sociais. O Estado laico não é Estado ateu. Estado laico é a única garantia de que todos os cidadãos poderão viver e celebrar suas diversas crenças de forma livre”.

O grupo foi formado em 2018 quando, afirmam, começaram a ver a democracia ser ameaçada no país. A carta foi escrita por sacerdotes de diversas Dioceses, Institutos de Vida Consagrada, ordens e congregações religiosas de todo o Brasil.

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