Numa demonstração de unidade e solidariedade, milhares de pessoas saíram às ruas de muitas cidades britânicas no último sábado (10) para participar em manifestações contra o racismo.

Estes protestos surgiram em resposta a uma semana de tumultos e desordem anti-imigrantes que abalaram o país, desencadeados por um trágico ataque com faca a crianças em Southport.

A organização Stand Up to Racism coordenou até 22 manifestações sob o lema “pare a extrema direita” em grandes cidades como Londres, Manchester e Birmingham. Estas mobilizações procuraram contrariar a onda de violência xenofóbica e a propagação de desinformação que se seguiu ao incidente de Southport.

Fotos: Ana Rojas

Uma mesquita em Newtownards, no leste de Belfast, foi atacada por um coquetel molotov – que não estava aceso – e vandalizada. A polícia está tratando o incidente como um crime racista.

Embora a violência na Irlanda do Norte tenha sido originalmente desencadeada por confrontos na Inglaterra, a polícia acredita que também é alimentada por paramilitares unionistas ultraconservadores, nesta província com um passado sangrento, onde as tensões intercomunitárias ainda estão vivas.

Foram relatados protestos com centenas de pessoas em todo o Reino Unido: Newcastle e Manchester (norte da Inglaterra), Cardiff (País de Gales), Glasgow e Edimburgo (Escócia).

Fotos: Ana Rojas

Em Londres, epicentro dos protestos, cerca de 2.500 pessoas reuniram-se inicialmente em frente ao escritório do partido Reform UK. Os manifestantes acusaram o político britânico Nigel Farage de “incitar manifestantes fascistas”. A multidão dirigiu-se mais tarde a Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro, para expressar o seu apoio aos refugiados.

A atmosfera na capital britânica estava carregada de energia e determinação. Os manifestantes gritavam “refugiados são bem-vindos aqui”, enviando uma mensagem explícita de inclusão e rejeição ao ódio. Gary McFarlane, representante do Stand up to Racism, declarou: “A maioria das pessoas na Grã-Bretanha é a favor de uma sociedade multicultural e se opõe à violência de racistas e fascistas”.

É importante ressaltar que estes motins anti-imigrantes foram alimentados pela rápida disseminação de desinformação através das redes sociais. Circularam falsas alegações de que o agressor de Southport era um imigrante ilegal e muçulmano, desencadeando uma onda de violência xenofóbica em todo o país.

Os protestos foram os maiores na Grã-Bretanha desde 2011 e refletem um desafio mais amplo que muitos países europeus enfrentam. A situação realça as tensões crescentes relacionadas com a migração e o aumento da extrema direita no continente. O Reino Unido encontra-se numa encruzilhada que exemplifica os complexos problemas sociais e políticos que as nações europeias devem enfrentar hoje.

Estas manifestações massivas contra o racismo demonstram que uma parte significativa da sociedade britânica está disposta a levantar a sua voz em defesa da diversidade e da inclusão.