Manaus e outras cidades da Amazônia enfrentam mais um dia sufocante sob fumaça de queimadas
População de Manaus e de outras cidades da Amazônia enfrenta mais um dia sufocante sob a densa fumaça
Manaus e Porto Velho amanheceram novamente encobertas por uma densa camada de fumaça na manhã desta terça-feira (27), resultado das intensas queimadas na Floresta Amazônica. De acordo com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a mudança na rota dos ventos, provocada por uma frente fria no sul do estado, trouxe a fumaça diretamente para a capital amazonense. Este é o sexto episódio de fumaça registrado na cidade apenas no mês de agosto.
A situação não se limita a Manaus. Outras regiões da Amazônia, como a região de Rio Branco, no Acre, também enfrenta cenários semelhantes. As queimadas têm sido intensas nesses estados, contribuindo para a degradação da qualidade do ar e colocando em risco a saúde dos povos indígenas, ribeirinhos e populações locais.
Qualidade do ar em nível crítico
Segundo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a qualidade do ar em Manaus atingiu níveis considerados “péssimos” em vários bairros, com destaque para o bairro Aleixo, que registrou um índice de poluição de 141,6 µg/m³. Para ser considerado de boa qualidade, o ar deve apresentar valores entre 0 e 25 µg/m³. Em outras áreas da cidade, os níveis de poluição variam entre 95 µg/m³ e 123 µg/m³, classificando a qualidade do ar como “muito ruim” para a população.
Cidades como Porto Velho e Rio Branco também têm enfrentado graves problemas devido à fumaça das queimadas. O ar, impregnado de poluentes, coloca em risco a saúde pública e reflete a gravidade da crise ambiental que se espalha pela Amazônia.
Crise ambiental agrava-se no Amazonas e em outras regiões da Amazônia
O Amazonas enfrenta uma crise ambiental sem precedentes, marcada pela combinação de seca severa e um número recorde de queimadas. Conforme relatórios da Defesa Civil, a seca já impacta cerca de 290 mil pessoas no estado, com diversas cidades enfrentando dificuldades para receber insumos, e comunidades indígenas e ribeirinhas correndo o risco de ficarem isoladas.
Os números das queimadas também são alarmantes. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), agosto já registrou mais de 7 mil focos de incêndio no Amazonas, superando os dados do mesmo período do ano passado. As previsões para este ano indicam que a seca poderá ser tão intensa quanto, ou até pior, do que a registrada em 2023, considerada a mais severa da história do estado. Atualmente, 20 dos 62 municípios do Amazonas estão em situação de emergência.
Ações humanas e queimadas em São Paulo
Enquanto a Amazônia enfrenta uma combinação de seca e queimadas, em São Paulo, a Defesa Civil também aponta para um cenário preocupante: 99,9% dos focos de incêndio no estado foram causados por ação humana. Embora a vegetação e o clima no sudeste sejam diferentes, a problemática da interferência humana no meio ambiente é uma constante em todo o Brasil.
Esse paralelo entre a Amazônia e São Paulo expõe a amplitude da crise ambiental no país, onde ações humanas irresponsáveis, como queimadas intencionais, contribuem significativamente para a destruição de biomas inteiros e a degradação da qualidade de vida nas cidades. A previsão de uma seca ainda mais severa nos próximos meses reforça a necessidade urgente de ações coordenadas para proteger a Amazônia, seus habitantes e todo o país de um colapso ambiental de proporções inéditas.