Mais de 80% dos brasileiros têm preconceito contra mulheres, diz ONU
No aspecto político, 39,91% das pessoas revelaram ter preconceito de gênero, acreditando que as mulheres não são tão habilidosas na política
No aspecto político, 39,91% das pessoas revelaram ter preconceito de gênero, acreditando que as mulheres não são tão habilidosas na política
O estudo divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revelou que o sexismo, independentemente de ser influenciado por homens ou entre mulheres, é uma questão altamente prejudicial “que pode até mesmo legitimar atos de violência física e psicológica”.
A pesquisa, que abrangeu 80 países e mais de 85% da população mundial, apontou que quase 90% das pessoas têm algum tipo de preconceito contra as mulheres. Isso indica que o preconceito de gênero é um problema generalizado em todo o mundo.
No Brasil, o estudo revelou que 84,5% da população possui pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres.
Em relação à integridade física, o país apresentou indicadores preocupantes, como a violência doméstica e o direito de decisão sobre ter ou não filhos. Cerca de 75,56% dos homens e 75,79% das mulheres no Brasil possuem preconceito nessa dimensão.
No entanto, a dimensão educacional teve o menor índice de preconceito, com apenas 9,59% dos entrevistados acreditando que a universidade é mais importante para os homens do que para as mulheres.
No aspecto político, 39,91% das pessoas revelaram ter preconceito de gênero, acreditando que as mulheres não são tão habilidosas na política quanto os homens e possuem menos direitos. Além disso, quase um terço dos brasileiros (31%) acredita que os homens têm mais direito ao trabalho do que as mulheres, ou que os homens são mais competentes nos negócios.
Globalmente, mais de um quarto da população mundial acredita que é justificável um homem agredir sua esposa. Cerca de 87% das mulheres e 90% dos homens apresentaram pelo menos um tipo de preconceito de gênero nas tendências observadas.
Apesar das campanhas globais pelos direitos das mulheres, como #MeToo, #NiUnaMenos, #TimesUp e #UnVioladorEnTuCamino, o estudo constatou que o número de pessoas com preconceito contra as mulheres praticamente não foi pensado na última década. Como forma de melhorar esses índices, os especialistas do PNUD recomendam fortalecer os sistemas de proteção e assistência social, promover a inclusão financeira para gerar um longo prazo, combater a desinformação de gênero, bem como o discurso de ódio e violência, e investir em leis e medidas políticas que promovam a igualdade de gênero na política, a fim de construir Estados mais sensíveis às questões de gênero.
O estudo do PNUD utilizou a base de dados do World Values Survey (WVS) para calcular os índices de normas sociais de gênero, com o objetivo de capturar as crenças sobre igualdade de gênero em recursos e direitos. No Brasil, 1762 pessoas participaram da pesquisa, sendo uma iniciação similar a outras pesquisas nacionais realizadas por institutos acadêmicos, como o Datafolha e o Ipec.
O World Values Survey é uma pesquisa global realizada desde 1981 por estudiosos de diferentes partes do mundo, que tem como objetivo analisar as opiniões e atitudes das pessoas em relação a diversos temas, como qualidade de vida, meio ambiente, ciência e tecnologia, política, economia, tolerância, trabalho, religião, dados demográficos, entre outros assuntos.